top of page
  • Foto do escritorMichele Costa

Os melhores álbuns lançados em 2020

Atualizado: 2 de jan.

Falta pouco para esse ano acabar. Ainda bem. Não foi fácil. Não só por conta da pandemia, do "ter que ficar trancado em casa", perder a liberdade - teve muito mais. Inflação, genocídio negro e indígena, perdas de artistas, fome, desgoverno… Resumindo: um ano de desgraça. Ainda bem que existe a arte para salvar (alias, essa frase tem sido repetida constantemente aqui)!


Depois das listas dos melhores livros e filmes, agora é a vez dos 10 melhores álbuns lançados durante o ano sombrio. Confesso: foi difícil e extremamente emotivo. O resultado, você confere a seguir.



Rastilho - Kiko Dinucci

A guitarra é deixada de lado e o violão ganha espaço. É com esse instrumento que Kiko Dinucci constrói uma nova narrativa em "Rastilho", lançado no começo do ano. Após quebrar o pé andando de skate, ter que fazer duas cirurgias e tomar uma porrada de remédios, Kiko encontrou redescobriu o violão, trabalhando em pequenas melodias enquanto ficava de repouso.

Kiko viaja, misturando tudo: é possível ver o violão de Baden Powell e a essência do punk em um álbum que diz tudo. "Rastilho" é um grito do músico ao ficar em casa e ao Brasil que estava sendo formado. Uma obra-prima que faltam palavras - o melhor álbum do ano, definitivamente.


Fetch the Bolt Cutters - Fiona Apple

Depois do hiatos de oito anos, desde o lançamento de "The Idler Wheel", Fiona Apple volta com força, entregando o melhor de si. "Fetch the Bolt Cutters" traz o relato do desequilíbrio a busca da aceitação, e uma sociedade doentia. Fiona está falando de si ou de nós? Em um linguajar próprio e muitas vezes experimental, Fiona busca fazer as pazes com o passado - mostrando, de alguma forma, que depois de muito tempo, é possível voltar a sentir. Destaque para Shameika, a faixa mais forte do álbum.


Women in Music Pt. III - Haim

As irmãs Haim evoluíram e "Women in Music Pt. III" é a prova da mudança. Após caminharem, Danielle, Alana e Este encontram a liberdade, renascendo, dando um novo caminho para as músicas. Inspiradas por Lou Reed (nitído em Summer Girl), o trio compartilha conflitos, perdas, melancolia, suas vulnerabilidades que nós, como ouvintes, também passamos.


Homem Mulher Cavalo Cobra - Morris

Depois de matar o Dr., Morris assume sua persona, o brasileiro que experimenta de tudo para, mais tarde, relatar sua experiência. Assim como todo brasileiro, o artista está inconformado com o que seu país se transformou. Carregar pedras, tem sido difícil, angustiante, cheio de dúvidas. Essas questões estão nítidas em "Um Dia Lindo pra Morrer", música que abre seu álbum. [confira as impressões completas do álbum aqui]


América, América - Marcelo Segreto

(EP é um álbum, certo? E mesmo se não for, por aqui virou um álbum.)

Em seu primeiro ep solo, Marcelo Segreto aborda a América Latina como centro de suas canções. Com três músicas, o cantor e compositor fala sobre a distância entre os países latino americanos, passado e presente, perda, amores e o mito que não sabe mitar. Em "1942", Marcelo diz que não sabe chorar - mas sabe criar uma beleza como "América, América”. [confira a entrevista do cantor para o Desalinho, clicando aqui]


After Hours - The Weeknd

The Weeknd não precisa estar na lista de nomeação do Grammy, para dizer que "After Hours" é um disco e tanto! Em tempos de isolamento, as músicas de Abel Tesfaye ganham força, afinal, o cantor traz ao ouvinte seus remorsos, o passado, a melancolia, fim de relacionamento - ações que estão presentes durante esse tempos de pandemia. Abel continua no mesmo caminho de seus discos anteriores, porém, está mais sombrio e machucado do que antes.


Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água - Luedji Luna

A poesia de Luedji Luna começa na capa de seu segundo álbum, "Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água", e passa por cada música. Luedji coloca suas origens baiana e africana em evidência, celebrando, através da música, sua ancestralidade. Com participações de mulheres sensacionais, a autora mistura o clássico com o contemporâneo. Lindo do começo ao fim.


Mundo Novo - Mahmundi

Em diversas entrevistas, Mahmundi disse que queria mais liberdade para cantar suas músicas poéticas, sem focar tanto na produção. Ela acertou em cheio em "Mundo Novo", lançado este ano. Seu eu-lírico enfatiza que a vida é muito mais do que as preocupações e é possível se envolver em uma relação no mundo novo, distante da realidade perversa.


Do Meu Coração Nu - Zé Manoel

Zé Manoel está pronto para falar sobre suas feridas. Em "Do Meu Coração Nu", o cantor reconta a história da população negra, compartilhando suas dores e a necessidade de conhecer a cultura negra. O pianista está esgotado em ver, todos os dias, mais um irmão morto. Isso não é mundo! Até quando o genocídio negro vai continuar? "Do Meu Coração Nu" é um álbum necessário, para ouvir com calma e várias vezes, durante sua vida toda. [confira as impressões completas do álbum aqui]


Assim Tocam os Meus Tambores - Marcelo D2

Para criar "Assim Tocam os Meus Tambores", D2 contou com a ajuda (e crítica) dos fãs: o álbum foi desenvolvido através de transmissões ao vivo no Twitch, com a interação do público. É preciso lembrar que o disco foi feito durante a quarentena, ou seja, existe muito do D2, assim como seus fãs que participaram da criação. Assim que foi lançado, o músico avisou: "[Assim Tocam os Meus Tambores] é um disco para ver, ouvir e interagir". Um álbum bem feito, que aliviou o momento sombrio.



Posts recentes

Ver tudo
bottom of page