Nigéria Futebol Clube: música, liberdade e manifesto sonoro
- Michele Costa

- há 20 horas
- 13 min de leitura
A Nigéria Futebol Clube é muito mais do que uma banda: é uma ideia em movimento. Desde sua formação, em 2022, o grupo se propôs a transformar música em encontro, unindo pessoas pela força do coletivo, pela busca de liberdade e pela reflexão crítica sobre questões políticas e sociais. Cada apresentação é um convite para pensar, sentir e agir - tudo embalado por uma energia que ultrapassa o palco.
Conhecidos pelos shows explosivos, verdadeiros rituais sonoros que misturam festa, performance e manifesto, Eduardo (baixo), Conceição (bateria) e Rodrigo (guitarra), sempre mantiveram uma relação orgânica com o público. Antes mesmo de lançarem Entre Quatro Paredes (2025), primeiro álbum, as canções já circulavam por outras vias: grupos de WhatsApp, Youtube e nos encontros culturais.
A sonoridade da Nigéria Futebol Clube é tão plural quanto suas ideias. O grupo transita entre ritmos sem se fixar em um gênero específico, misturando referências que vão do rock ao rap, do punk ao jazz, do samba ao wave. Essa fusão cria uma estética própria, que escapa de classificações rígidas e reforça a essência da banda: liberdade.
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Aguardo a chegada dos integrantes da banda na sala do Zoom. Conceição, junto com sua prima Thayssa, é o primeiro a entrar e já puxa um papo animado. Conversamos enquanto esperamos o restante do grupo, e, quando eles finalmente chegam, não aparece apenas o trio, mas também amigos - que acompanham o grupo, como é o caso de Gustavo Vitor Hamada e Derick - e ex-integrantes - como Cauã, que tocou baixo no álbum. A coletividade que marca os shows também se faz presente na conversa.
Os primeiros quinze minutos passam voando. Não falamos sobre a banda: focamos em fofocas, piadas e em uma breve "lavação" de roupa suja entre os integrantes. Me divirto e, então, descubro que sou a mais velha do grupo. Aproveito para dar "conselhos" e adverti-los de que a chegada dos 30 anos é cruel: a coluna já não é a mesma, os estalos nos joelhos se tornam frequentes, o fígado sente as noites de bebedeira e as ressacas parecem doenças. Eles rebatem, lembrando que ainda sou jovem, e eu finalizo com um "aproveitem a juventude". E é exatamente isso que eles estão fazendo: aproveitando cada segundo da amizade, da banda e dos aprendizados.

Vocês seguiram outro caminho para apresentar a banda: as canções estão no Youtube e só agora o disco surge nas plataformas. Por que fizeram isso e como foi reconhecer que essa maneira foi eficaz para que o público conhecesse vocês?
Rodrigo: Eu acho que no meio que a gente tá, esse caminho não é o oposto, a maioria das bandas fazem esse caminho: começa fazendo show e aí quando tem condições, grava um álbum ou faz alguma fita assim quando aparece a oportunidade, porque no fundo, no fundo, a gente quer fazer música e, às vezes, o jeito mais fácil de fazer isso não é gravando direto porque exige muito trampo.
Quando digo no caminho oposto é sobre divulgar as canções em outros meios que não sejam as plataformas de música que utilizamos…
Rodrigo: Acho que isso é porque surgiu a oportunidade da gente gravar, a gente já tinha muitas músicas… Não sei se viraria da gente lançar singles, lançar EPS e esses negócios aí. A gente sempre teve muita facilidade de fazer música, a gente faz muito no improviso, então acontece muita coisa, sei lá, acho que hoje em dia, a gente tem umas 20 músicas, por aí…
Conceição: Mais de 40 músicas.
Rodrigo: Mais de 5 mil músicas.
Conceição: Esse negócio de construir uma rapaziada e tocar ao vivo que nem nóia e lançar um negócio no Youtube aqui e ali… Acho que a gente fez isso também por conta das outras bandas que já rolam com essa coisa de querer tocar que nem um nóia e aquelas pessoas já são nossos parceiros e cola junto, né. É até bom porque querendo ou não é o que prepara as pessoas para um lançamento, acho que é até mais interessante você lançar e depois começar a tocar porque fica uma coisa muito do tipo "já tem o lançado, agora ouve lá, e agora eu vou tocar o que eu já lancei", tanto que a gente nem toca mais as músicas do álbum direito, a gente tá em outra brisa e acho que cada vez mais é isso: cada vez mais a gente vai fazer coisas que fogem do circuito.
Carlos: Sem contar que a maneira que foi mostrada dentro do álbum é totalmente diferente de como tá dentro dos shows. É muito mais fácil de apresentar dentro dos shows de uma forma e quando vai pra plataforma vai de outro jeito, vai com outra expectativa - as pessoas já estão preparadas para isso.
Conceição, você usou a expressão "tocando que nem um nóia", o que é isso?
Conceição: Ah, eu acho que a gente é nóia em música. A nossa droga é um pouco de música… Eu, por exemplo, tava ouvindo música agora no trem, a gente tá o tempo todo ouvindo música e eu acho que a gente é essa turma que é a turma das bandas, essa molecadinha que fica muito nóia por música no sentido "quero ouvir música, quero ouvir música" [engrossa a voz]. Eu já tô num nível que, pra mim, todas as músicas da face da terra são bonitas. Todas as músicas são boas. [Cauã ri] Até sertanejo! Foda-se! [olha pra câmera, ri e mostra o dedo do meio]
Cauã: Ele vai querer se vender e fazer sertanejo universitário.
Conceição: Enfim, a gente é meio doido por música, de ouvir muita coisa e o Gustavo [uma das maiores influências da banda], por exemplo, lançou um monte de coisa e isso mostra muito também… Por exemplo, ontem mesmo, a gente tava ouvindo uma música dele, que outro parceiro nosso fez a mix, e a gente foi atrás da sample que o Hamada usou, um reggae muito popular bobão e ele fez uma música eletrônica mó brisa e eu fiquei "esses caras são nóia".
Já sabendo que vocês são nóias de música, como surgiu essa devoção pela música?
Rodrigo: Ah, não sei… Acho que é a mesma coisa pra todo mundo: em algum momento da tua vida, você começa a se atentar mais a aquelas músicas que você ouvia quando era criança e começa a procurar mais, vai no mais fundo… Pra mim, isso [aconteceu] muito no final do ensino médio e, depois, no começo da pandemia. Na pandemia eu ouvia muita, muita, muita música. Eu ouvia cinco ou seis álbuns por dia, só não ouço esse tanto agora porque eu tenho preguiça.
Cauã: Eu tô me sentindo mais nerd porque cinco ou seis álbuns era o que eu ouvia de manhã na escola.
Conceição: O Lastfm tá aprovado?
Rodrigo: Vamos ter que decidir aqui quem é o mais doido por música.
Cauã: Não, sem comparação. Mas eu acho que é muito sobre o que o Rodrigo falou, veio de uma vontade e de uma curiosidade da gente sempre querer ouvir mais coisas… Até na primeira entrevista que a gente deu para o Scream & Yell - até um salve para o pessoal -, a gente acabou se encontrando em São Paulo, essas pessoas malucas com gostos malucos e a gente tá sempre recomendando coisa um pro outro e descobrindo coisa nova através um do outro e eu acho que isso mantém acesa esse gosto nosso.
Rodrigo: Maconharia Station, tem que compartilhar.
Carlos: Maconharia Station, basicamente é um grupo de WhatsApp com muitas pessoas, mais de 250 pessoas, que ficam mandando músicas todos os dias.
Conceição: Eu comecei a ouvir música muito novo. Eu sou de uma família que é meio musical, mas nem é do sentido de necessariamente tocar instrumentos.
É impossível rotular vocês porque misturam diversos gêneros musicais. Em uma entrevista do passado, no Scream & Yell, vocês não gostam de ser atrelados ao rock. Isso persiste?
Conceição: Eu me arrependo de ter falado isso aí, eu gosto de rock. Nóis é o rock doido!
Inclusive, no release, tem uma parte em que vocês questionam o rock e querem reinventá-lo. Como será essa reinvenção?
Conceição: Mesmo que a gente tenha citado algumas referências, o rock é muita coisa, ele é muito grande, é um movimento que abraça muitas coisas - até o funk e o soul tem muito do rock. Eu acho que esse negócio do rock é muito mais pelo estereótipo, pelo fenótipo e pelo homem de 40 anos com essa coisa, sabe? Tem um preconceito aí também. A Nigéria tem muito uma ideia de querer juntar as comunidades que sempre foram do mesmo lugar que é o povo periférico, o povo negro, o povo indígena, porque o rock também é preto e indígena.
Carlos: É como o Booyuh [apelido de Conceição] falou: falta identificação dentro do rock. Você não vê pessoas como a gente fazendo esse tipo de coisa… Quando a gente "chega" fazendo alguma coisa, a gente meio que quebra isso, quebra esse ciclo e isso é muito bom.
Cauã: É, essa coisa da identificação, lembro quando eu conheci a D'Artagnan Não Mora Mais Aqui, outra banda do Booyuh, por mais que eu já curtisse tudo aquilo, vê quatro pessoas pretas fazendo um som, querendo ou não tá mais puxado pra esse lado do rock, é muito forte. Isso pega pra gente e pega também para outras pessoas que conhecem nosso som e nossa galera.
"Somos cultura. Quando você vive em um mundo em que a cultura foi despedaçada, sequestrada e escravizada, tudo vira plástico. Até uma tentativa de fazer cultura é plástico." Conceição
A banda traz diversas referências da música preta e recortes sociais que vocês vivem. Como tem sido mostrar essa realidade ao público? Vocês acham que os temas bateram no público?
Rodrigo: Acho que sim, eu sinto essa identificação. Quando o Cauã falou sobre identificação, eu sinto que o que a gente tá entregando pros pretinhos de hoje em dia que cola no nosso show. É muita gente que cola no nosso show e fala que se identificou, que ficou inspirado e isso aí é tudo, tá ligado?
Conceição: Recentemente um parceiro nosso, o Rafa Ravi, da quebrada e louco, deve ter 16 ou 17 anos, me mandou um áudio de uns quatro minutos falando "ouvi "ambiência vol.1" no Clube Fábrica de Cultura do Itaim e eu revi a minha vida inteira, pensei em tudo" e eu fiquei "tem que fazer as coisas acontecer, mano" e esse bagulho foi muito bonito pra mim porque, quando eu tinha 14 anos, a minha referência principal, as pessoas que mudaram minha cabeça, foi Boogarins, tá ligado? Ter colado em um show do Boogarins e ver o Dinho e o Ynaiã lá, dois pretões… Eu lembro que eu colei uma vez no show do Boogarins lá no MIS e, pra mim, foi uma coisa muito doida, porque Fradique Coutinho parece que você tá em outro mundo, nem parece que você mora no Brasil. Você vai pra lá e você fica "mano, isso aqui parece um seriado americano". Eu nunca tinha visto casões, mansões, carrões e ruas bonitas… Eu só sabia de Itaquaquecetuba. Eu fui pra lá ver um show e, do nada, sou apresentado para esse mundo super play eu fico "isso aqui tá estranho". Aí eu chego no show do Boogarins e só tem louco, tá ligado? Inclusive, nesse show, tinha um monte de gente que tá até hoje com a gente. Ver o Dinho com o black dele armadão… Pra mim sempre foi um barato que mexeu muito comigo, porque eu queria ver uma turma igual nós dando um som, fazendo algo diferente. Aí passou uns anos, o bicho tava indo em um show nosso, falou sobre a Nigéria e isso é muito absurdo pra mim - é um sonho realizado. De certa forma entra muito nesse bagulho de entender que nossas influências e referências são nossos amigos, tá ligado? O cara que parecia ser distante, hoje é um primo, hoje é um irmão, tá ligado? Acho que a Nigéria também quer falar isso: deixar claro para o pessoal que tá colando nos shows que os shows são as pessoas que estão colando nos shows. O show não é a Nigéria, a Nigéria não é, honestamente falando, porra nenhuma. A Nigéria Futebol Clube é só mais uma bandinha de gente querendo fazer música, como tem várias - e tem que ter mais!

Como foi gravar um disco e lançá-lo? É uma energia diferente do ao vivo?
Conceição: Sim, de certa forma sim, mas eu acho que a gente é muito nosso público, a gente gosta muito das nossas músicas. Quando a gente tava fazendo a mix de “NOU”, a gente colocou vários efeitos - escutem “NOU”, rapaziada!
Carlos: Foi a melhor música! A mais divertida de todas.
Alias, "NOU" tem muitos símbolos sobre São Paulo, assim como "Agradecimentos (não existe capitalismo sem racismo)" que vocês reforçam que São Paulo foi desenvolvida por homens negros. O que sentem enquanto caminham pelas ruas de São Paulo ao verem tantos absurdos e como essa realidade dialoga com as músicas?
Carlos: A princípio revolta, né. Você se sente revoltado e sente sempre injustiçado, mas você entende que tudo isso faz parte de um sistema e que ele deve ser quebrado.
Cauã: Acho que o Linguiça resumiu muito bem essa revolta e essa revolta se faz presente dia sim e dia não quando eu tenho que me deslocar da minha casa, em São Bernardo do Campo, pra ir pra São Paulo. Isso é uma das pequenas várias coisas que te causam essa sensação, né? Eu acho que a gente acaba traduzindo em combustível pras músicas que a gente faz.
Ao colocar essa revolta em música, vocês acham que esse sentimento é aliviado?
Conceição: Não! [todos repetem a afirmativa] Eu acho que a música e a arte são também pão e circo, a gente nunca pode esquecer isso. Um dos motivos da Nigéria ser uma banda politizada e fazer parte de movimentos revolucionários e de todos os tipos de coletivização é instigar o público a socializar. Quando eu tô na Vila Madalena, eu tenho vontade de cuspir nas pessoas pra mostrar essa revolta, mas eu não vou fazer isso, por isso, eu acho que a Nigéria faz esse cuspe nos shows e nas músicas.
Em "Preto Mídia" vocês cantam "não quero esperar, não quero escutar". Essa afirmação de revolta também tem relação com esse cuspe figurativo e tão simbólico?
Rodrigo: Sim, eu acho que isso até entra no que você perguntou quando o que a gente sente andando nas ruas do centro [de São Paulo]. Quando tá na letra “você é plástico, eu não quero te encarar” é muito o meu sentimento quando eu tô andando no centro e parece tudo muito plástico e as coisas não acontecem de verdade ali - você anda ali e as pessoas estão fazendo várias coisas e parece que no final nada disso vai levar em lugar nenhum e você nunca mais vai ver aquelas pessoas na sua vida. É muito bizarro essa sensação, parece que você tá entrando em outro mundo que não existe e que nada que acontece lá realmente vai fazer alguma diferença na sua vida. Acontece tanta coisa em São Paulo que parece que não acontece nada.
Derick: O centrão de São Paulo é aquele plástico, aquele brinquedo de criança que não serve pra porra nenhuma, né? É só um pedaço de plástico que não dá pra brincar.
Rodrigo: Esse sentimento vem justamente das pessoas, os nossos, não morarem no centro e a gente não se sente em casa lá. Acho que isso é o principal fator do porquê temos essa sensação. Quando a gente toca em Itaquaquecetuba ou na zona leste ou em Santo André é uma sensação completamente diferente porque tem aquela sensação de lar e, geralmente, quando tocamos nesse lugar, o público já se conhece e é um sentimento completamente diferente.
Conceição: Eu acho que as letras das nossas músicas também são pra gente. Essa coisa de "você é plástico" pega muito porque a gente vai pra show e, às vezes, as pessoas não se conversam, as pessoas não olham no olho, as pessoas não querem brincar, não querem dar risada, as pessoas não querem se conhecer.
A frase "tente ser mais gente", em "Nerds/Punks" pode ser inserida nesse contexto?
Conceição: Essa música é sobre isso também, ela é muito pra você, pra mim, pra nós, sabe? Afinal, quem você queria ser? Eu acho que é muito essa pergunta. Porra, todo mundo já foi fissurado em algum ídolo do rock, todo mundo já ficou lá vendo vídeos e mais vídeos e lendo algum livro e pensando “isso é tão legal, eu queria ser muito assim” e aí chega na vida real e a pessoa fica com cara de bunda, tipo assim, tá todo mundo com cara de bunda… Eu acho que essa música, às vezes, é difícil de tocar ela porque ela é pra mim, sabe? No sentido de… Quantas vezes eu não fui babaca? Quantas vezes eu tentando ser esse cara legal que chega e troca ideia com as pessoas e quantas vezes eu não fui o babaca? Quantas vezes eu não fui esse punk? Eu posso estar sendo esse cara agora, sabe? [encolhe os ombros] Tem essa coisa também do medo de ser porque você fica "eu posso querer ser esse doido, mas até que ponto isso não tá agredindo outras pessoas?" E, às vezes, aquela música te deixa ser louco à vontade, né? Mas ela machuca. Eu acho essa coisa de "tente ser mais gente" é um "eu também não sei o que é ser mais gente", sabe? Eu não sou mais gente do que ninguém, a Nigéria não é mais gente do que ninguém, a Nigéria é essa locomotiva. Alguns nascem locomotiva, outros nascem amarrados na linha do trem - a gente já nasceu amarrado na linha do trem e a gente tá esperando o trem passar por cima da gente, mas enquanto a gente tá esperando o trem passar em cima da gente, a gente tá tentando tirar as amarras à força, sabe? Enquanto tem vários que estão dentro, na cabine, dando risada e a gente fica "não rapaziada, não é eu que tô sendo louco e que vou te ofender, você já é ofendido constantemente dentro de um trem lotado às 5 da manhã" e isso é um cuspe na tua cara, tá ligado? O doidinho que sai de Ita [Itaquaquecetuba] e vai pro centro pra fazer um show e é censurado pela polícia… Isso não é inovador, isso é só o óbvio, sabe? A gente vive essa ditadura.
Após passar pela história do grupo, pergunto como será o futuro da Nigéria Futebol Clube. Depois de piadas e risadas, respondem em conjunto que querem tocar em todas as quebradas de São Paulo. "A gente tem que tocar em todas as quebradas de São Paulo e, depois, em todas as quebradas do Brasil", explica Conceição.
Mas é no final, com Thayssa, que nos emocionamos: ela comenta a força da Nigéria em sua vida. "Eu sempre usei a arte como refúgio e eu achava que não tinha ninguém na mesma brisa que eu e aí, em um belo dia, o PH [apelido de Conceição] olhou pra mim e falou "tem sim, tem gente que tá na mesma pira que nós" e foi isso, eu fui conhecendo várias pessoas que hoje, inclusive, estão em minha vida. Eu tô muito feliz porque o que eu encontrei fui eu [mesma], que tava dentro de mim e nesse meio a gente se encontra mesmo, tá ligado? Ir em um show de vocês é uma experiência muito interior porque é algo que vocês tão vivendo ali, é vocês com a gente e a gente se unifica em uma coisa só. Isso dá vontade de viver, de dizer "caralho, eu tô viva" e isso é lindo." [se emociona e Conceição abraça ela]
Após três horas de entrevista, a conversa acaba. Sigo pensando no diálogo até hoje - é bom saber que existe uma juventude politizada que pensa no coletivismo. Concluo ao final que o papel da banda é justamente esse: ecoar na sua cabeça para que você se mexa, buscando os prazeres da vida enquanto a realidade nos esmaga diariamente - ainda bem.




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