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A utopia de Pablo Lanzoni

  • Foto do escritor: Michele Costa
    Michele Costa
  • há 6 dias
  • 14 min de leitura

Desde o lançamento de seu álbum de estreia, POA_MVD (2016), Pablo Lanzoni vem construindo, ao longo de quase uma década, uma obra cuidadosamente lapidada. Seus discos refletem a busca por universos sensíveis, onde a música se torna um território de esperança — uma verdadeira utopia sonora para o artista e seus ouvintes. É nesse espaço imaginado que sentimentos e imagens se reinventam.


A partir dessa liberdade criativa, Pablo explora novas sonoridades sem jamais perder de vista sua utopia. É o que se percebe em Valentia Tempo Voz (2020), trabalho que combina a delicadeza acústica com influências de jazz, com temas latentes se entrelaçaram com o contexto contemporâneo.


Em meio às incertezas da pandemia, o artista convidou o violonista Thiago Colombo para uma parceria voz e violão, dando origem a Delírio Geral (2022). Nesse álbum, o delírio caótico e desesperado ganha contornos sutis ao longo de oito faixas. Participações de nomes como Vitor Ramil, Bebê Kramer, Bianca Gismonti e Guto Wirtti enriquecem o diálogo entre canção e instrumentação, reafirmando que, no fundo, o ser humano não foi feito para viver sozinho.


Agora, o artista apresenta seu quarto álbum, Aviso de Não Lugar (2025) que costura vivências, observações urbanas, afetos e ancestralidades em oito faixas autorais. O disco não parte de um conceito único, mas se organiza como um conjunto de pequenos mundos — canções que funcionam como universos completos dentro de um mesmo cosmos. "Aviso de Não Lugar, embora não tenha sido a canção germinal do projeto, foi aquela que fundou as estacas mais sólidas desta nova edificação e serviu como norte em muitos momentos: sonoro, poético e interpretativo", afirma Lanzoni.


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O seu primeiro disco POA_MVD apresenta, já no título, os dois lugares que essa narrativa foi escrita. Porém, essa característica não está presente nos demais álbuns, ou seja, a narrativa é construída a partir de outros elementos. Como foi feito a construção dessas diferentes narrativas?

Sim. Poxa, muito legal a tua observação. Eu acho que tu mapeaste bem, né? Eu tô lançando esse quarto disco e cada disco é um pouco do universo em si e, ao mesmo tempo, eles pertencem a um grande sistema que é o sistema do Pablo - é como o Pablo sabe fazer canção e como o Pablo consegue lidar com a canção no momento que tá fazendo esse trabalho. Esse primeiro disco é justamente isso, é um disco construído entre Porto Alegre e Montevidéu com muitas coisas sendo gravadas em Montevidéu. Tenho muitos amigos músicos que transitam nesse universo de Porto Alegre e Montevidéu… Então, quando eu tava trabalhando no POA_MVD - ele não nasceu com esse nome -, ele nasceu como um primeiro álbum e aí esse trânsito de pessoas e de materiais me acenderam essa luz, que esse era um disco resultante da produção desse trânsito de pessoas, de materiais e de sonoridade sobretudo. Esse intercâmbio me interessou bastante como um possível resultado, né? Então, ele é um disco resultante do trânsito entre Porto Alegre e Montevidéu e o nome é justamente como tá escrito na passagem - se a gente for de avião, é POA_MVD, né? O disco enquanto passagem minha, sobretudo, das pessoas convidadas, e também das pessoas que se disponibilizarem a transitar com a gente nesse universo, nesse percurso. Quando eu terminei esse primeiro disco, eu tinha uma questão: como eu posso levar pro palco um disco que foi feito com tanta gente de tantos lugares diferentes? E aí eu convidei um trio de queridos amigos [Dado Silveira, Gabriel Nunes e Fernando Spillari], que se chama A Ponte, pra botar esse projeto POA_MVD no ar, no palco. E a gente começou a tocar o disco e outras coisas começaram a ser incorporadas, novas canções minhas começaram a ser incorporadas, ao ponto que rapidamente eu tinha um novo disco, né? E aí surge o Valentia Tempo Voz. Eu quis registrar o trabalho com esses meninos, com o trio A Ponte, é um disco de banda, né? E a gente chamou o Dany López, que não tinha participado desse primeiro disco, pra auxiliar na produção, pra produzir, pra vir com os pitacos de fora, de quem tá chegando e pode contribuir com o que tava sendo produzido. Esse título tem um pouco do rescaldo do tempo, nós estávamos em 2020 - já tinha um movimento muito efervescente contra a cultura, algumas manifestações políticas difíceis de serem tragadas. Achei que era um título bem apropriado assim pro tempo que ela tava sendo lançado, né? É uma leva de canções que foram feitas pós-POA_MVD e chegamos em 2020, muito rapidamente com várias coisas acontecendo, né? Vários desafios que pareciam que teriam que ser enfrentados e foram, né? Fazer um disco, estar na cultura, ter a canção como utopia é o que eu tenho, né? Parecia, naquele momento, me parece ter sido um gesto de valentia - e a voz é a manifestação. Ter voz naquele tempo, e neste ainda, é uma coisa que me movimenta. 

Logo depois desse disco, ele foi lançado já na pandemia, o disco foi lançado virtualmente e a gente não conseguiu fazer um show comemorativo desse lançamento e, bem, ficamos reclusos. Eu fiquei recluso aqui e comecei a fazer muitas canções. Comecei a trabalhar bastante, porque, enfim, estava com uma outra agenda, né? Outras inquietações, não conseguia ver as pessoas, enfim, muita gente passando por isso, né? E me dei conta que já tinha um novo projeto aí encaminhado e quis dar vazão a isso. Então eu convidei um violonista, que é um craque, que é o Thiago Colombo, para fazermos um projeto mais íntimo, com uma sonoridade mais intimista desse período que nós estávamos em casa e aí veio Delírio Geral. O disco é todo pandêmico, no sentido que movimenta temas da pandemia, explicitamente e implicitamente, né? Desejos, vontades, coisas que estão circulando aí, sonoridades… E a gente produziu esse disco sem a gente se ver, morando a poucos quilômetros de distância, mas falando diariamente. Só depois de vacinado, só depois que a coisa tinha estabelecido, meses depois, a gente foi para o estúdio e fez umas sessões, né? Super zelosa, super cuidadosa, com quarentena posterior, anterior. E quando nós estamos gravando esse disco, que seria um disco só de violão e voz, o Leo Bracht, que é onde a gente estava trabalhando, possui um estúdio aqui em Porto Alegre, é um produtor muito legal e tem um estúdio maravilhoso, que é o Transcendental Audio, fez alguns comentários, algumas considerações, que nós julgamos muito pertinentes, que o violão do Tiago, ele tinha tudo, e esse tudo - essas não foram as palavras dele, eu estou traduzindo de outra forma, tá? - e esse tudo tinha espaço que também poderiam ser preenchidos. 

Mas seria preenchido por outros instrumentos ou outras vozes? 

Outras sonoridades poderiam ser somadas a esse violão, que já tinha tudo, já estava tudo aí. Mas ele era tão interessante que ele permitia que a gente considerasse trazer algum elemento aqui, outro ali, e produzisse um disco não de violão e voz, mas a partir do violão e da voz. E aí, no Delírio Geral, a gente tem pequenos elementos em cada faixa, um convidado, um timbre, um som, que se somaram em cada uma das canções para construir, então, algumas ambiências. Então, esse disco foi todo construído, são oito faixas, foram sete delas construídas a partir do violão do Tiago. E aí chegamos em Aviso de Não Lugar, né? 


pablo lanzoni
(Crédito: Gabriela Felin)

Você falou que os trabalhos que você constrói contém os diferentes Pablos que estão dentro de você. É possível ver isso, porque no primeiro disco nós vemos um Pablo, diferente dos demais discos. Outra característica que não foge do seu trabalho é a participação de outras pessoas. Por mais que seja um projeto solo seu, com seu rosto e com seu nome, outras pessoas estão com você e essas pessoas dão força a essas camadas que os diversos Pablos estão disponíveis nesses discos?

Acho que sim, eu acho que para mim fazer música é partilha. Eu vejo nesse projeto, os processos, sinto que eles me completam quando eu estou partilhando desses processos. Então me faz muito sentido estar acompanhado, dividindo, trocando ideias, colaborando, pensando, repensando junto a outras pessoas. Isso para mim é o grande barato da coisa. Do palco à produção. Eu gosto muito desse movimento da partilha. 


Como é para você compartilhar uma ideia que nasceu de forma individual, ganhou novas camadas com a colaboração de outras pessoas e agora será recebida pelo ouvinte, que poderá interpretá-la de um jeito próprio?

Olha, só me ocorre dizer que me sinto bem, me sinto feliz. Se a música circular, me sinto bem, me sinto feliz. Não tenho nenhuma intenção de estancar os sentidos de uma peça, porque elas não se estancam nem para mim. Eu mesmo revisito as coisas e transformo a forma de cantar, a forma de tocar, às vezes uma palavra, porque o fonograma, o registro que a gente faz de uma canção é o registro possível daquele tempo, daquele momento, daquele dia, muito pensado, muito trabalhado, se volta nisso há muitas e muitas horas, mas é o registro que faz sentido naquele momento. Anos depois eu volto para as coisas, ou dias depois, às vezes, e algumas coisas vão se transformando, e para mim isso é do processo, faz parte. Então eu não tenho nenhuma intenção de estancar a semântica ou o sentido de nada. Se elas ouvirem e criarem imagens, criarem construções a partir disso, é fantástico, independente de qual seja. Isso é parte do trabalho do ouvinte, de quem ouve, tem todo esse espaço. Quando a gente se permite a explorar uma obra como fruidor, seja ela qual for, audiovisual, música, cinema, enfim, teatro, pintura, escultura, nós temos esse espaço que é até a obra e é bom que a gente ocupe. 


Outra característica que é presente em todo o seu trabalho, em todos os discos, e que está sendo presente aqui nessa conversa, é a questão do tempo. Como você falou, existem diversos Pablos, você faz um disco baseado no que foi vivido, no que foi pensado naquele tempo, mas aí tem dois álbuns pandêmicos. Quando você revisita essa questão do tempo nesses discos, principalmente pandêmicos, você acha também que seu trabalho sofreu alguma alteração sobre o sentido do tempo? Hoje em dia, você quer focar em outras coisas ou quer resgatar coisas do passado para lidar com o Pablo do futuro? Aliás, como você vê o tempo? 

Olha, eu não sei se eu tenho uma resposta para isso, porque eu acho que a questão do tempo, que aparece em várias canções e é legal, chama atenção, não é uma coisa bem pensada por mim, não é uma coisa que eu quero que seja uma marca da obra e nem não quero que seja, é uma coisa que está aí, é uma coisa que surge. Tem um outro elemento também, que é a água. Eu falo de rio, falo várias vezes de rio, de mar, mais de rio, mas como metáfora talvez do tempo também ou o tempo como metáfora do rio, das coisas que transcorrem, das coisas que vão. Mas isso é muito mais uma elaboração posterior, no momento como agora, do que uma coisa pensada para ser traduzida em canção. Acho que são coisas que me chamam atenção. O tempo, talvez, é uma coisa que me chama atenção e me valho disso, mas muito mais como interesse ou como recurso nas construções poéticas do que como uma manifestação ou uma defesa de algo que me movimenta muito, sabe? Não sei se consigo te responder, estou conseguindo te responder, mas é muito mais alguma coisa que vem nas canções, uma temática que passa por aí do que algo que eu tenho como uma marca definida, para mim, dentro desse universo. O Valentia Tempo Voz não é bem um disco pandêmico, ele é lançado na pandemia, mas ele já estava pronto antes. Ele é lançado porque o processo de lançamento leva às vezes semanas, meses, é um disco que ficou pronto no ano anterior, 2019, a mixagem levou alguns meses para ser feita. Então, quando ficou pronto, definiu uma data "vamos lançar virtualmente, depois se vê o que a gente pode fazer para não perder também esse gostinho que as coisas circulam." Mas acho que o tempo tem esse viés para mim de ser algo que está aí, porque está aí. [breve silêncio] Quando eu escuto as coisas que a gente tem produzido, eu geralmente gosto, passado o tempo... Passado um período distante da intensidade do momento de produção, de fazer, de pensar, se dá um distanciamento, quando eu volto, revejo o projeto geralmente com alegria, com alegria de revivenciar esses momentos nos quais eles foram feitos com alguma satisfação. Tenho ficado feliz com as coisas que foram produzidas nesses discos anteriores. 


Você falou sobre água e em Rota de Navegação você canta: "Navego por aí, deixo-me levar." Pra onde essas águas estão te levando?

Eu tenho a canção como minha utopia. Fazer canções é parte importante de mim. Tento dar vazão para isso da forma que me é possível, com as ferramentas que possuo naquele momento e isso inclui os diversos tipos de ferramentas que a gente tem - e não falo das ferramentas materiais, falo de todas as ferramentas que são necessárias para qualquer tipo de projeto que envolve uma agenda emocional, que envolve um tempo dedicado a ela. A gente tem vários na nossa vida. Um disco, uma canção, para mim é uma parte importante. Então, eu não tenho muito bem traçado isso aonde, para onde, como vamos para lá. É uma estrofe que é escrita por um parceiro, Carlos Patrício, que pode simbolizar isso de alguma forma: deixe-me levar. Vou tentando dar vazão para as coisas possíveis e vou indo, ofertando o melhor que possuo para essa utopia. 


Seus discos passam por diversos gêneros musicais. Como tem sido trabalhar com liberdade em seu projeto, podendo adicionar o que você quer, o que você sonha, o que você deseja, o que você é naquele momento? 

Eu acho que está bem vinculado a coisas que me fazem sentido naquele momento, com total liberdade e sem amarras a uma linha estética ou alguma outra coisa que para mim não faz tanto sentido. Eu faço a canção e a canção pode ter muitos matizes, muitas cores, muitos universos. Há muitas canções que foram gravadas de um jeito e quando eu apresento elas são completamente outras. Eu acho que eu assumi isso no primeiro disco, esse processo de "como é que vamos levar isso para o palco?" Tem que ser fidedigno o que foi gravado ou a gente pode reconstruir? Porque lembra, eu falei que a gente gravou com músicos muitos de Montevidéu, trazer outras pessoas tocando outras coisas, enfim, como é que seria isso? Vamos ficar tirando todas as coisas do disco? Gente, vamos tocar e tá tudo bem. Para mim funciona. Pra mim é super prazeroso, inclusive, essa recriação constante. O estúdio tem as suas possibilidades, utilizamos as possibilidades do estúdio, o palco tem outras, utilizamos as possibilidades do palco e quando se pensa um novo projeto, se pensa um novo disco de uma forma livre. O que aquele momento está se conectando comigo? Para mim fazia muito sentido ter um disco mais intimista como o Delírio Geral naquele momento. Não me fazia sentido ter um monte de gente envolvida, não tinha como. Ao mesmo tempo, me fez muito sentido registrar o Valentia Tempo Voz como um projeto daquele grupo de pessoas que estavam transitando juntas com aquele projeto e foram somando outras canções e ali deu origem a um outro trabalho. E agora o Aviso de Não Lugar é uma outra história. Então são as coisas que estão se conectando comigo. Agora numa rede mais expandida, eu tentei expandir bastante minha rede. Trouxe pessoas que eu nunca tinha trabalhado, que eu conheci pelos seus trabalhos e convidei e tenho a felicidade nesses discos todos de ter convites aceitos de pessoas incríveis, músicos maravilhosos, musicistas incríveis. Tenho feito esse diálogo da partilha e transitando com tranquilidade entre as coisas que me fazem sentido.

O que faz sentido em tempos conturbados? Como suas canções, que trazem calmaria, podem dar um sentido aos ouvintes em tempos de correria?

Como elas podem dar sentido para o ouvinte eu não sei, não tenho uma resposta porque a audição é particular. Eu acho que as minhas melhores canções são aquelas que verdadeiramente eu consegui construir uma paisagem delineada por quem tá escutando, "a gente consegue entender que a canção tá falando sobre isso, aqui tem o universo da canção e consigo entender algumas coisas que estão ali, seja através de sonoridade, texto ou de palavras." Pra mim são as canções que me parecem bem mais resolvidas pensando na minha obra gravada. Mas as coisas que me fazem sentido em tempos como esse... [silêncio, olha para o chão] Acho que ser artista é um gesto de coragem, sempre foi e me parece que sempre vai ser. A coragem de estar no mundo, a coragem de lidar com suas ideias, a coragem de botar suas ideias na rua... Tem um desprendimento que é muito bonito de ver em artistas - não estou falando de mim, tô falando no geral e até gostaria de ter mais coragem, mais desprendimento, para conseguir vivenciar ideias de uma forma genuína e transcrever elas ao mundo - colocar elas através da forma que as pessoas fazem arte, seja literatura, poesia, música, a forma que for. Eu acho que quando as pessoas conseguem se comunicar genuinamente, verdadeiramente, com algumas questões que lhe tocam, isso consegue tocar o outro também. 


"Eu tento estabelecer uma conexão entre as canções que se conversem entre si dentro de uma proposta estética que tenha suas liberdades."

pablo lanzoni
(Capa do disco por Grazi Fonseca)

No release você define Aviso de Não Lugar como um "disco que não parte de um conceito único, mas se organiza como um conjunto de pequenos mundos - canções que funcionam como universos completos dentro de um mesmo cosmos." Como foi o processo para você chegar nessa definição?

Eu acho que é uma sentença bem resolvida daquilo que falamos, a conexão das canções, como um cosmos maior que estão conectadas de certa forma. As canções em si também são produtos em si, né? Esses mini-mundos tratam isso, ou seja, que possamos dar espaço para as canções serem elas mesmas como organismos vivos tentando ofertar para elas essas coisas que estão chamando atenção em sonoridade, em voz, temática, tipo de arranjo, em velocidade da canção… Como elas se resolvem e depois a gente conecta no projeto, como que isso tá soando dentro do disco, né? Nos outros dois discos anteriores, os elementos que costuram definitivamente entre elas são: o violão do Thiago - a gente escuta a primeira e última canção que conecta tudo ali - e o outro é o disco de um trio que é somado a outros elementos, mas o trio está tocando o tempo inteiro. Esse novo disco está mais perto de POA_MVD no sentido dessa instrumentalização mais variada, embora, em Aviso de Não Lugar eu tentei expandir bastante a minha rede para não ficar na minha zona de conforto. Tentei expandir para outros espaços, para outras pessoas. Esses mini-mundos, como foi descrito, e um grande cosmos que é a sonoridade, porque ele tem uma sonoridade - eu consigo ouvir as canções e perceber que essa canção faz parte desse universo e elas se conectam por temas que não são similares, mas tem grupos de canções que se conectam mais. "Bebo a Beijo" se conecta com "Substância" tematicamente, "Aviso de Não Lugar" se conecta mais com "Meu Anti-herói" e, talvez, um pouquinho com "Porto", né, um grande tripé de músicas que se conectam dentro desse cosmos. 


O disco é resultado da reunião de composições recentes e outras criadas especialmente para este projeto. Como foi o processo de criação dessas canções e em algum momento foram diferentes? 

Eu acho que foi a mesma coisa que eu vivenciei nos outros discos. Tinha algumas canções que me dão o start no projeto - "essa canção é interessante" - depois eu até revisito outras canções - "essa também tá se conectando agora" - e umas canções são construídas ali, nesse furor de ideias e sensações que estão envolvidos na produção de um disco, né? A última canção que foi feita foi "Porto" e eu sabia porque tinha espaço para fazer uma canção, tinha deixado um espaço, não tinha um disco fechado.


Em "Meu Anti-Herói", você canta sobre a chegada desse personagem que estará com os olhos abertos para cantar aos homens seu amor. Com a chegada dele, você acha que este soldado conseguirá mudar a realidade, mostrando que o amor vale mais do que a destruição de uma memória? 

Acho que o amor é, certamente, mais importante. Agora, se eu tenho esperança… Não sei, tenho lá minhas dúvidas, acho que temos que fazer nossa parte, né? Temos que continuar a luta. Acho que "Meu Anti-Herói" tá falando um pouco disso, em continuar a luta. Não sou descrente, mas a minha esperança já foi maior. É muito difícil, é uma bomba atrás da outra, coisas bizarramente inacreditáveis acontecem o tempo inteiro, né? Até onde vamos? Qual é o fim dessa linha, né? Nos resta manter a bandeira erguida, com os braços para cima e seguir.




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