Ritas
- Michele Costa
- há 5 dias
- 2 min de leitura
É impossível abordar a vida de Rita Lee em 1h20, afinal, a Rainha do rock brasileiro viveu diversas vidas nos 60 anos de carreira e seus quase 80 anos de vida. As transformações que a camaleoa viveu estão em Ritas, dirigido por Oswaldo Santana e codirigido por Karen Harley. Narrado pela própria Rita, o documentário não busca decifrar a cantora, mas apresentar um autorretrato que abraça a multiplicidade da roqueira que mudou a música brasileira.
Ao adotar o plural já no título, a obra reconhece a impossibilidade de reduzir a cantora a uma única identidade. Rita foi roqueira rebelde, musa psicodélica, cronista irônica da vida cotidiana, defensora da liberdade feminina e dos animais, artista pop e, acima de tudo, uma voz transgressora que nunca se deixou aprisionar por rótulos. Com imagens de arquivo, entrevistas inéditas e gravações caseiras, Ritas vai além da figura mítica para revelar também a mulher por trás do ícone.
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O grande mérito do filme está justamente em evidenciar essas camadas. Não se trata de uma narrativa linear, mas de um mosaico que, em sua fragmentação, reflete a própria essência da artista: múltipla, contraditória e sempre em movimento. As imagens de arquivo, combinadas com depoimentos e trechos de apresentações, compõem um retrato vivo, que vai além da figura mítica para revelar também a mulher por trás do ícone. Por trás das revoluções, Rita Lee era uma mulher doce e emotiva.
Se por um lado Ritas acerta ao fugir da fórmula biográfica convencional, por outro pode deixar o espectador com a sensação de incompletude. Alguns períodos da carreira são mais explorados do que outros, mas nada impede de se deliciar com o documentário que reforça que mulheres possuem culhões - assim como útero e ovários - para fazer rock’n’roll.
Depois de ser sol quente e intenso, Rita tornou-se lua e, agora, é estrela que segue brilhando no infinito e inspirando novas gerações.
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