A década romântica de Do Prado
- Michele Costa
- há 14 minutos
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Há uma década, Do Prado transforma o amor em matéria-prima de suas canções. Embora seja um tema complexo e muitas vezes indizível, o cantor e compositor o aborda com naturalidade e lirismo, explorando suas múltiplas facetas. Essa trajetória está presente em Quantas Vezes é Possível se Apaixonar? (2025), seu álbum de estreia, no qual ele traduz esse sentimento avassalador em um mosaico sonoro que equilibra melodias íntimas e batidas modernas.
Mais do que um álbum sobre amor, liberdade e amadurecimento, o disco traz referências à vida no interior de São Paulo – principalmente da região de Americana (SP) e arredores, onde vive o músico - e apresenta uma identidade afetiva e musical própria. A pergunta do título funciona como provocação existencial: o amor pode se renovar, reinventar e mesmo persistir em meio às feridas do tempo. "É um trabalho que marca uma nova fase na minha carreira, com produção mais elaborada, um olhar mais atento pra estética visual e uma sonoridade que mistura o orgânico com o digital", explica.
Ao lançar Quantas Vezes é Possível se Apaixonar?, Do Prado se insere no movimento da MPA — música popular alternativa —, um espaço em que gêneros se encontram, se reinventam e se fundem para criar um novo estado de escuta. Dessa maneira, o álbum é a cara do movimento já que os sons que tocam fundo, unindo o orgânico ao digital, o afeto ao beat, a poesia íntima aprendida com os mais sábios à estética contemporânea dos jovens.
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O que te motivou a dar esse título no seu álbum? Aliás, existe uma resposta certa para essa pergunta?
Eu vejo que o álbum, cada uma das faixas vai propor uma resposta diferente para essa pergunta, sabe? Mas Quantas Vezes é Possível se Apaixonar?, além do contexto amoroso que traz essas músicas, é como se fosse um todo… Tipo, quando comecei a fazer esse álbum e comecei a selecionar essas músicas, tinham músicas de dez anos atrás - músicas que eu já passei por elas e agora elas voltaram nesse outro formato, nessa nova roupagem, uma outra sonoridade, sabe? Um novo eu, assim, de 2025. Então, Quantas Vezes é Possível se Apaixonar? é como se fosse um álbum de todos esses retratos temporais, sabe? De todas essas paixões que nas músicas eu retrato e de todo esse tempo também. Eu gosto também bastante desses nomes compridos e Quantas Vezes é Possível se Apaixonar? é uma frase que eu falo em uma música chamada “Canto” que é como se ela fosse uma resposta de “Gaiola Fechada” dez anos depois, sabe? É como se ela fosse uma resposta de “Gaiola Fechada” dez anos depois, sabe? Então, quando eu questiono isso, quantas vezes é possível se apaixonar?, eu não proponho a resposta, proponho mais o questionamento, sabe? Mas além dessa parte amorosa, também é esse retrato temporal, meu, de quantas vezes eu me apaixonei e isso me inspirou a fazer essas canções, sabe?
Você falou que tem canções de dez anos atrás. Você acha que o sentido de se apaixonar, ele mudou pra você nesses dez anos?
Pô, eu sinto que mudou. Eu sinto que eu vejo a paixão e o amor de uma forma madura, sabe? Se eu fosse escrever isso, talvez eu escreveria de uma outra forma, vendo com outros olhos. Só que é muito doido essa questão de ter uma música de muito tempo, porque quando ela volta, e volta, faz um novo sentido pra mim, sabe? Dentro de um outro contexto de vida que eu tô vivendo… Eu olho pra ela e falo “caramba, essas palavras ainda me servem”, sabe? Mesmo eu olhando ele de uma outra forma madura, nunca sinto que essas palavras... “Ah, eu já não sinto mais isso que eu canto”, sabe? Eu só me sinto diferente. Mas elas ainda expressam a mesma coisa em diferentes momentos da vida, sabe? Em diferentes paixões, então fica uma coisa meio atemporal.
O seu disco é sobre paixão, mas ele também tem amor. Eu queria saber de você, o que é o amor e o que diferencia pra você amor de paixão?
Ah, que legal essa pergunta. Eu acho que é a forma que eu vejo, né? Porque é isso, eu falo a forma que eu acho que é o amor, que é a paixão, dentro desse disco, é muito passando uma visão e dando ponte pra galera se identificar também com essas visões, mas eu sinto que a paixão é mais fogo, assim, sabe? Ela é mais explosiva... Ela movimenta muito mais. E eu sinto que o amor é muito mais o de conservar, sabe? Tipo, ele tá mais nesse lugar sólido e não no ar, tá na terra, quando você consegue conservar aquilo. Porque a paixão, ela é um ciclo, né? Ela tem aquele momento que ela tá mais [quente] e ela esfria. E aí, eu acho que é o amor quem conserva a própria paixão, né? De fazer com que ela renasça de novo e que ela se modifique conforme o tempo. A paixão é mais essa combustão e o amor seja mais conservar pra que isso continue acontecendo conforme o tempo vai andando e a vida vai mudando, sabe?
Pensando aqui no seu disco e também na vida em si, você acha que quando um relacionamento acaba o amor ou a paixão primeiro?
Primeiro a paixão.
É uma resposta unânime.
É. Tem uma música em específico de uma banda, Bidê ou Balde, que eu escutei muito que falava é “sempre amor mesmo que acabe, é sempre amor mesmo que mude”. [“Mesmo que Mude”] E aí, eu acho que é muito isso, assim, porque geralmente, e eu fujo um pouco dessa visão de que quando acaba, nenhum... [corte na conversa] E talvez a gente procure o amor, em geral, dentro daquilo que é ensinado pra gente com novela, com uma visão mais hollywoodiana da vida, sabe? E, na verdade, isso são vivências individuais de cada um, né? Então, assim... Ah, eu até me perdi um pouco aqui onde eu estava, mas é mais nessa ideia de que... Se foi amor ali... Isso pode se transformar em outra coisa, mas aquele momento de amor é amor, sabe? E eu acho que é isso.

Você construiu músicas há dez anos atrás pra lançar agora, em 2025. Em 10 anos, muitas coisas aconteceram na sociedade, o mundo mudou. Você acha que o sentido de amor, pra sociedade em si, ela também mudou a interpretação? Ainda mais pós-pandemia, onde o medo da morte era intenso… Hoje em dia, por que é tão importante falar de amor?
Dentro desse contexto da pandemia bagunçou todo mundo, né? Tipo, jogou pra cima tudo que a gente achava que sabia sobre sentir. Eu tive muito medo, muito medo da vida mais do que todos os outros recortes, então, eu acho que todo mundo foi impactado por essa sensação de não saber mesmo quando ia poder reencontrar todas as pessoas queridas, se ia encontrar, né? Então, acho que sim, acho que a gente passou a dar mais valores pra esse sentimento de afeto mesmo, uns para os outros, sabe? Principalmente porque dentro desse recorte da pandemia, era uma coisa de isolar, de separar, de não ter contato, totalmente contra o que liga todo mundo, né? Eu acho que todo mundo foi impactado por isso. E a importância de falar sobre o amor, de, ainda assim, falar sobre o amor, eu acho que é muito importante por isso, porque nem todo mundo vai amar da forma que o Djavan ama, como o Caetano ama… É muito bom quando a gente tem exemplos do que a gente sente em palavras, em músicas, sabe? Eu tento viver minhas relações muito intensamente e me entregar verdadeiramente pra elas - e acho que é nessa verdade que as pessoas se conectam nas minhas músicas e isso me dá mais motivo pra continuar vivendo a vida do jeito que eu vivo. Então, acho que a importância de eu continuar falando de amor, mesmo sem ser algo concreto, cheio de dúvidas e mil caminhos, é isso, é de poder encontrar as outras pessoas que também pensam dessa forma e se sintam representadas por essas palavras, de falar “pô, eu acho que isso que eu sinto é isso que ele tá passando.” Assim como eu me identifico com vários outros artistas que eu gosto, sabe? Do olhar pra vida, do olhar pro amor e da forma que ele coloca isso em poesia, a palavra.
Temos muitas dificuldades de falar sobre amor, descrever esse sentimento tão avassalador, que às vezes é doentio, ciumento e etc. Como você se sente quando o outro se identifica com suas músicas?
Olha, sobre as pessoas se conectarem com essas letras, e se sentirem representadas por isso, eu sinto que talvez essa seja a coisa mais importante que eu já fiz na minha vida até então, sabe? Tipo, a coisa que atingiu mais pessoas da forma mais sincera possível. Então, eu acho essa parte sensacional. Talvez seja a minha combustão para poder dar sequência há mais dez anos a essa ideia; porque expor, falar sobre as minhas relações e falar sobre a minha vida pessoal… Eu sou uma pessoa que eu me considero tímida, sabe? Eu não sou de ficar falando da minha vida nas minhas redes sociais, mas o meu trabalho principal, eu falo da minha vida abertamente, assim, sabe? Então, talvez eu só faça isso porque as pessoas se identificam realmente com essas letras, sabe? Caso contrário, eu acho que eu me trancaria no quarto aqui, tocaria pra mim só pra sempre.
Você usou a palavra combustão e é uma das coisas que eu queria perguntar pra você. Qual foi o momento em que você quis trabalhar o amor nesse disco? Aconteceu algo em específico ou foi alguma coisa totalmente orgânica?
Ah, as paixões, né? As paixões movimentam tudo. Mas eu sempre tive muita dificuldade de escrever não falando sobre amor, sabe? Eu vejo que todo o meu trabalho é construído dentro desse tema. E, assim, quando eu falo quantas vezes é possível se apaixonar, eu penso que dentro desse disco, com a seleção das músicas que eu fiz, eu consegui chegar tanto no amor pra outras pessoas, familiar, de amigos, quanto o amor próprio, sabe? Essas músicas que não são de uma relação, que não têm uma linguagem mais romântica, são poucas, no meu repertório de composições, sabe? Então, esse tema, pra mim, é como se eu olhasse a vida através do amor, sabe? Da forma que eu me relaciono com a vida, nesse lugar de afeto.
Se não fosse o amor, você acha que você conseguiria escrever, cantar, expor o que você está sentindo pra fora?
Ah, eu acho que não, porque tudo nasce dele, né? Tipo, quando eu comecei esse trabalho em si, lá em 2015, é sempre tentando me organizar internamente e é sempre por início ou fim de relacionamento, quando a cabeça fica mil, sabe? E é essa minha válvula de escape, que eu achei lá há 10 anos atrás e, por consequência, isso foi ficando cada vez mais sério, sabe? Tipo, mas ainda assim é minha válvula de escape, eu sinto que é a forma com que eu realmente me comunico com o mundo, sabe? Onde eu consigo verbalizar umas coisas que às vezes eu não consigo numa conversa… Eu tenho esse momento de reflexão e essas coisas me invadem, assim, sabe? Mas eu penso que talvez esse seja o meu tema principal pra sempre, tipo, a forma com que eu vejo essas relações e que eu tento lidar, né? Eu sempre me coloco também num lugar, como quando eu faço essas composições, talvez eu atinja um lugar onde eu não consiga realmente, sem estar fazendo esse exercício de reflexão, sabe? E de entender o que eu tô sentindo e como colocar isso em palavras. Então é muito doido se sentir representado por uma coisa que eu mesmo escrevo, as coisas que eu mesmo digo, sabe? Mas é como se eu tivesse num momento de lucidez, assim, e nem tô colocando da forma mágica, porque é um processo demorado, sabe? Mas é como se eu tivesse num momento de lucidez e mirasse pra um lugar confortável que eu gostaria que as minhas relações fossem, sabe? Tipo, de amizades, de amigos, de namoro, de paz, de tudo comigo mesmo, sabe? Eu comigo mesmo.
"Eu sinto que a minha forma de me mostrar e de me entender seja na música, nesse registro. Pra mim, a música é como uma foto: eu vou lembrar do momento e dos motivos que eu a escrevi."
Em "Beijos e Cartazes de Cinema", você disse que não precisa de vela e luz acesa, existem dois símbolos aí representando a luz. Fiquei pensando nessa estrofe: ela te faz relembrar só do amor ou também de outros assuntos? Essa luz é necessária para continuar essa paixão?
Essa pergunta foi muito boa. Tipo, quando eu falo de não manter a chama acesa, não ter luz de vela acesa, é exatamente de não ficar esperando essa combustão de volta, sabe? Essa paixão de conseguir dar sequência, de conseguir conviver, se encontrar, e não esperar que essa chama esteja acesa. [olha para o lado, sorri e fica em silêncio] Ai, perdão, eu tô voando aqui.
Quando você, de novo, fala que a música é uma luz que te faz relembrar, pode-se dizer que ela é necessária para manter essa paixão acesa?
Sim, sim. É, é muito doido porque eu faço o meu próprio mundo Marvel, assim, sabe? [risos] Dentro das minhas músicas eu tenho citações de outras músicas minhas que vão dar continuidade nessa história. Mas... Dentro dessas minhas relações, assim, eu sempre tive namoros muito duradouros, sabe? Então as minhas músicas são muito dessas relações duradouras. Quando eu fiz “Beijos e Cartazes de Cinema”, eu tava tratando sobre o mesmo assunto de uma outra música anterior que [trata] todo esse primeiro momento, sabe? E a outra é não esperar que essa chama esteja acesa, sabe? Tipo, é isso, e é muito doido te ouvir falando dessa música em específico, porque nem eu tava esperando que tivesse tanto simbolismo dentro da vela, dentro dessa chama aí, mas é aquela mesma questão da metáfora que a gente tava falando, sabe? Tipo, como a minha lírica tá dentro disso, acaba tudo tendo muito simbolismo, muita... Uma interpretação muito fácil, assim, talvez, sabe? Tipo, com esses elementos, mas sem entregar mastigado, fica tudo solto, pra bom entendedor, meia palavra basta, né?
Em "Maior Pecado" você canta “se calo por medo, eu explodiria”. E no meio de uma paixão, no meio de um relacionamento em que existe amor tem o medo e raiva, fazendo com que a gente quase exploda. Se você se calou em algum momento, no momento que você canta essa música, essa estrofe em específico, você explode ou você já explodiu?
Pra eu colocar isso provavelmente eu tava muito angustiado nesse momento com relação a isso. Eu falo muito nessa música sobre o quanto eu acho importante ser eu e ao falar o que eu penso… Eu só consigo ser eu me comunicando as coisas que eu acho, quando me calo por receio de alguma coisa, eu já deixei de ser eu. Não sei mais… [risos]

Você esteve no Circuito #2 recentemente. Como foi a experiência de cantar suas canções para o público?
Foi muito legal a edição do Circuito aqui em Americana, consequentemente, o lugar que eu tenho mais público. Eu já tava esperando que o público que canta comigo ia aparecer, mas foi muito gostoso a partir do momento que isso acontece - eu já lancei o álbum, dei alguns dias para eles ouvirem… É gosto demais ver a galera cantar as músicas novas, sabe? É muito gostoso ver quais são as músicas que as pessoas mais se identificam, sabe? Dividir essas histórias com as pessoas… Essa apresentação foi uma apresentação importante porque eu passei muito tempo tocando voz e violão, às vezes, colocava um beat no computador, mas eu fazia a apresentação sozinho e, agora, estamos trazendo uma proposta com banda - vai ter uma banda base e uma banda completa. Essa primeira apresentação a gente fez com a banda base para apresentar para o público essas novas roupagens das músicas. Foi uma apresentação curta, mas foi importante mostrar a nova roupagem e as novas águas descerem.
Como foi o processo de ter uma banda com você para dar uma nova roupagem a essas músicas?
É desafiador porque a gente escolheu uma formação não muito convencional, eu não tenho uma bateria… O meu disco é muito digital, sabe? São muitos beats e eu queria dialogar com essa coisa mais digital, por isso, não tenho uma bateria, mas eu tenho uma MPC, umas percussões, contrabaixo e eu com voz e violão - essa é a banda base. A banda completa entra também trompete, trombone e um violoncelo. Montar essa formação, principalmente a completa, é complexa porque todo mundo fica esperando a minha direção, né? Antes mesmo da nossa entrevista eu tava fazendo as linhas de trompete, trombone e violoncelo para as músicas que a gente ensaiou e que são as músicas que a gente vai tocar. É trabalhoso! O resultado tá incrível também!
Em "Canto" você diz que quem grita é o coração. Com uma banda é possível expandir esse grito. Você acha que foi a partir desse grito que surgiu esse álbum?
Sim. A música “Canto” em específico é um motivo, por isso, que uma frase dela dá o título do álbum. Quando eu fiz essa música foi ela que abriu as possibilidades de começar a pensar em um álbum. Eu falei “pô, quero ter um álbum e essa música a minha primeira - tudo vai girar em torno dela”, sabe? Até chegar no título, dando a importância que ela merece. “Canto” é a música que eu me olhei de outra forma, “olha, eu tô fazendo um tipo de música diferente do tipo de músicas que vejo aqui”, sabe? Talvez ela tenha me colocado nesse lugar. Ela é a música que representa o disco. Quer entender o que é o disco? Escuta ela.
Sua música é definida como MPA - música popular alternativa - e é um tipo de música que é impossível de rotular. Você, assim como outros artistas, estão lutando contra a maré dos dias de hoje. Como você se sente ao saber que tá fazendo algo diferente, principalmente Americana, você acha que estar nesse grupo te dá um direcionamento para os seus futuros trabalhos?
Eu sempre tô procurando outras pessoas que sejam parecidas com as minhas músicas, sabe? Principalmente aqui no interior uma das coisas que as pessoas mais falam é sobre a minha originalidade, a minha autenticidade, todo mundo fala “é uma coisa muito sua” e isso é ótimo porque as pessoas lembram de mim, mas a questão de cenário musical isso me atrapalha porque se eu sou muito diferente significa que eu não tenho lugares para que eu esteja, sabe? Eu não tenho a minha cena, o meu grupo de MPB no interior, sabe? Acaba ficando muito isolado… Talvez isso seja um dos pontos que ajude também na questão da originalidade porque eu não tô junto de outras pessoas, pensando da mesma forma, sabe? Eu acabo achando a solução pra alguma coisa por outros caminhos. Quando eu comecei foi muito mais pela necessidade de colocar pra fora esses sentimentos e poder entendê-los de uma forma mais distante… Eu não visava viver de música, trabalhar com isso, sabe? Quando eu era adolescente era um peso totalmente diferente, era mais pela necessidade de colocar para fora. Conforme foi passando o tempo isso foi ficando mais sério com outras responsabilidades… Isso ainda continua sendo a minha válvula de escape, sabe? Eu sinto que se eu fizer de uma outra forma talvez eu perca o mais precioso que é a conexão verdadeira com a pessoa que me escuta. Eu tenho isso na minha cabeça: as pessoas só se conectam com a minha música porque é de verdade - tem dia que me dói cantar aquilo, eu choro diversas vezes no palco e eu odeio chorar na frente dos outros, sabe? Se eu perder esse sentido não vai ter mais graça. Eu quero ter condições melhores e eu quero que isso venha através das ideias e não vir eu vou continuar com essas ideias - eu não quero me render para ter que fazer músicas que eu não vivo, não sinto e não acho.
Você usou a palavra coragem. Você acha que precisa de coragem para se apaixonar?
Olha, eu tava pensando numa coisa essa semana e eu acabei caindo numa reflexão: talvez a única coisa que distingue uma pessoa da outra é a coragem que ela tem. Tudo exige coragem. Coragem não significa que a gente tem medo, pelo contrário, é sobre enfrentar esses medos. Pensando que o amor é individual eu posso te falar aqui o que é o amor. A gente tem medo das coisas que a gente não sabe, não tem controle - e o amor é assim. A gente tá de boa uma hora e na outra a gente é arrastado por uma coisa que te deixa intenso… Essa questão de lidar com esse sentimento individual tem que ter muita coragem, principalmente pra passar da paixão para o amor, sabe? No amor tem que ter muito mais coragem porque conservá-lo exige muitas escolhas, dedicação e muita coragem. Só os corajosos sentem.
Você acha que estará se apaixonando no futuro?
Acho, acho. Acho que eu sempre vou me apaixonar. É isso que me move. Acho importante por tudo, sabe? Somos nós aqui com 30 anos e tem mais 30 pra gente ficar velho e é viver de novo… Pensar nas coisas pra sempre me dá uma dificuldade, por isso, penso no agora, nas vivências… Pensar em não se apaixonar de novo é cruel, é terrível. Não tem coisa melhor do que se apaixonar.
Nesta sexta-feira, 15, Do Prado fará o show de lançamento com banda completa no Teatro Municipal Lulu Benencase, em Americana (SP). Garanta o seu ingresso aqui.
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