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Virgin

  • Foto do escritor: Michele Costa
    Michele Costa
  • 8 de jul.
  • 2 min de leitura

Após se arriscar em uma euforia pop ensolarada com Solar Power (Universal, 2021), seu terceiro disco, Lorde retorna com Virgin (Republic, 2025), seu trabalho mais íntimo, introspectivo e sensual. A neozelandesa volta a flertar com a melancolia — agora de forma menos intensa, porém mais crua — para escancarar fragilidades com uma honestidade desconcertante. A narrativa do álbum começa já pela capa: uma radiografia da pelve revelando ossos, metais e um DIU. O corpo, literalmente, está em exposição.


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Em Virgin, não há mais sol — só sombra, sangue e cicatrizes. Ainda assim, o passado ecoa nas 11 faixas que, embora inéditas, dialogam com os universos sonoros de Pure Heroine (Universal, 2013) e Melodrama (Lava/Republic, 2017). O disco se apresenta como um diário sonoro, em que, no lugar de páginas, Lorde sussurra confissões — às vezes desconfortáveis, mas sempre intensas. "Hammer" estabelece o tom desde o início: "Talvez eu tenha renascido, estou pronta para não ter respostas."



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Virgin é sobre reconstrução. Faixa após faixa, Lorde desmantela amarras, vícios emocionais e fantasmas do passado para, enfim, se refazer. Ao contrário de seus trabalhos anteriores, o álbum aposta em uma produção mais contida, com instrumentais econômicos e foco absoluto na voz — vulnerável, presente, humana. Isso revela uma artista menos interessada em agradar e mais empenhada em se mostrar por completo: não uma persona, mas a carne viva (com ossos) de sua experiência enquanto mulher, artista e figura pública. Faixas como "GRWN", "Broken Glass" e "David" escancaram esse processo com lirismo visceral.


Não é um álbum feito para playlists ou baladas — embora "Favourite Daughter" e "If She Could See Me Now" flertem com a pista de dança em momentos pontuais. Virgin é um mergulho profundo no autoconhecimento, e embora o foco seja ela, o espelho também nos reflete. Não há refrões explosivos nem promessas de hits; há ecos, hesitações, respirações e dúvidas — exatamente como é a vida.



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