Ponto de Curva
- Michele Costa

- há 2 dias
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Em Ponto de Curva (Frase Records, 2025), o grupo instrumental Trabalhos Espaciais Manuais (TEM) confirma algo que seu público já intuía: no universo da música instrumental, tempo não é demora, mas maturação. O primeiro álbum do conjunto nasce de um processo paciente, quase artesanal, em que cada faixa evidencia a precisão e o cuidado que definem o coletivo. Assim, a espera não apenas valeu a pena: foi determinante para que o disco alcançasse uma identidade sólida, reconhecível e plenamente alinhada ao espírito da TEM.
Com produção de Duda Raupp, vencedor do Grammy Latino em 2025 pelo trabalho com Luedji Luna, Ponto de Curva resulta da fusão entre a força orgânica que sempre marcou os shows da banda e uma atmosfera mais espacial e experimental desenvolvida em estúdio.
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A sonoridade combina elementos presentes na trajetória da TEM desde sua origem, com o trio de saxofones à frente e a percussão pulsante, somados a novas camadas que marcam este momento, com mais sintetizadores, pads e bass synth, além de levadas inspiradas em beats e grooves de bateria que remetem ao drum and bass.
O resultado é um trabalho que foge ao imediatismo comum na produção musical contemporânea. A banda investe em atmosferas que se desenvolvem gradualmente, atravessando o ouvinte com camadas que se desdobram a cada audição. Há espaço para a experimentação, sim, mas ela é guiada por uma estética clara, quase arquitetônica.
Além da identidade já reconhecida do grupo, Ponto de Curva incorpora participações que expandem o diálogo do Trabalhos Espaciais Manuais. Di Melo e Livia Nery se encontram em “Prazerá”, revelando uma nova faceta do coletivo. Tuti Rodrigues contribui em “Fatídico”, e a rapper Saskia assume papel de destaque em “Miragem de Iara Pt. 2”.
Fechado, consistente e fiel ao que a TEM se propõe desde o início, Ponto de Curva reafirma a vocação do grupo para explorar o espaço, o gesto e o som com rigor e liberdade controlada.





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