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O bang bang de Nicole Fahel

  • Foto do escritor: Michele Costa
    Michele Costa
  • 26 de mai. de 2021
  • 6 min de leitura

"Hell No", "Joan And Her Own", "I Souled My Soul", "Immigrant Brothers", "The Bus Stop", "Summer With Alicia", "Milk Fang" e "Monomania" são algumas das produções que a artista multimídia Nicole Fahel realizou e que conquistaram prêmios e/ou indicações lá fora. Não ache que Nicole só fica na produção, a brasileira faz de tudo um pouco no cinema.


Nascida em Salvador, Nicole começou cedo no teatro. Ainda na escola, decidiu fazer intercâmbio para o Canadá com o objetivo de treinar o inglês e, quem sabe, aprender mais sobre atuação. O resultado não foi outro: estudou sobre Shakespeare em Stratford e, em 2015, mudou-se para Los Angeles, onde cursou atuação na New York Film Academy. Desde então, começou a produzir curtas, iniciando o trabalho como produtora, desenvolvendo diversos projetos.


Atualmente no Brasil (e torcendo pela vacina e o retorno aos Estados Unidos), Nicole está desenvolvendo três documentários: "Passage To America", "The Future" e "Bricks, Concrete and Steel", ao lado do produtor e engenheiro americano Dilip Khatri. Além disso, no segundo semestre, acontecerá a estreia do longa-metragem "Bang Bang!", (que Nicole produz e atua) dirigido por Nicholas Cunha, por aqui.


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O que te levou a estudar cinema?

Eu sempre tive muito interesse por esse lado do cinema, mas aqui em Vitória da Conquista (Bahia), onde eu cresci, nunca teve muita coisa. Então, eu fui fazendo muita coisa com música, dança, pintura, todas essas coisas. Quando eu me mudei para o Canadá, eu acabei estudando sobre Shakespeare, comecei a ver as peças dele e foi a partir daí que eu comecei a entrar para esse mundo e querer aprender mais.


Você conhece o cinema nacional e internacional. Quais são as principais diferenças entre eles?

Nossa [suspira], tem muitas! Na verdade, eu me formei aqui no Brasil em teatro e nos EUA em cinema, mas quando eu comecei a ter mais contato, eu comecei a perceber… Tem diversas áreas. Uma das coisas principais que eu percebo muito é o tipo de filme que faz sucesso aqui e o tipo de filme brasileiro que faz sucesso internacionalmente; e o tipo de filme americano que está sendo feito. No meu caso, como eu moro lá, é claro que vejo [por lá] hoje em dia bastante coisa, só que é mais suspense com mistério, uma coisa bem alternativa desse lado independente. Aqui no Brasil, eu vejo, obviamente que o maior [gênero] é a comédia, que faz mais sucesso nos cinemas.


O cinema brasileiro sempre passou por um preconceito, já que não é “hollywoodiana” o suficiente. Acompanhando os dois lados, você acha possível que os brasileiros possam mudar, ou se já mudaram, a relação com o cinema brasileiro?

Eu vejo também. Eu acho que… Acho que está mudando. Acho que até agora está mudando um pouco mais por conta do streaming, mas eu também vejo que a comédia é muito diferente com a comédia de fora. O que se fala mesmo é que o brasileiro saber fazer sucesso é com comédia. Então, essa ideia está sendo mudada.


Você faz tudo no cinema, de atuação a produção. Como é poder trabalhar com diversas vertentes no cinema? Você tem algum preferido?

[Risos] Eu meio que fui indo. Eu comecei no teatro, comecei a produzir um pouco, depois fui para atuação e também vi como era por trás das câmeras… Hoje em dia, eu tô trabalhando muito mais com produção - esse é o meu foco no momento, mas gosto muito de atuação também. Eu diria que estou focada em produção, mas também gosto de atuar.


E também é uma coisa que meio que não dá para separar, né…

É, tá tudo muito junto. Eu acho que os dois estão lado a lado, de certa forma. Mesmo sendo tão diferentes, porque produção é um lado mais técnico e tal e atuação não tem nada ver com isso, porém, de um jeito estão juntos.


Como foi parar quando surgiu a pandemia?

No começo, ninguém tinha noção de quanto tempo ia durar, como seria… E eu tava muito nessa de "Vamos ir levando… Vamos ver", aí começaram a ter lockdown e quando começaram a fechar as fronteiras… Aí eu comecei a ver que as coisas estavam fechadas e não tinha como funcionar - aí eu fiquei "Como que eu vou fazer agora?". É difícil. Aí eu comecei a criar coisas que eu posso fazer [presencialmente] depois, comecei a ser juíza de alguns festivais… Comecei a fazer algumas coisas que eu posso fazer de casa.


E pós-pandemia? Você acha que o olhar pelo cinema, pela arte, vai ser alterado?

De certo modo sim. O cinema já vinha mudando um pouco com essa questão da sala de cinema, o streaming, como saí os filmes - e acho que isso vai mudar bastante. Acho que os streamings vão vir com muito mais força do que nunca e o método de como o filme será lançado vai mudar bastante também. Acho também que a comédia vai vir de uma forma bem legal, assim como a psicologia será retratada.


Em 2020, você foi juíza do Festival Hollyshorts em Los Angeles. Como surgiu esse convite e como foi avaliar os filmes de outros diretores?

Foi através de um amigo. Eu acho que até hoje eu tenho um pouco de dificuldade, no sentido de “julgar”, comentar, falar um pouco sobre o ponto de vista do outro. Quando eu comecei a assistir muitos filmes e aumentar o olhar crítico, as coisas ficaram mais claras. Uma coisa bem feita, é uma coisa clara.


Com produção brasileira e norte-americana, "Bang Bang!" foi gravado em Vitória da Conquista, produzido pela Manga Rosa Filmes e recentemente adquirido pela distribuidora Indican Pictures para distribuição mundial. Mesclando ação e drama, o filme narra a história de cinco adolescentes, Biel, Gabby, Amber, Alice e Thomas, que decidem numa noite, por diversão, roubar um supermercado. O plano sai errado quando um deles dispara acidentalmente um tiro em Nathan, funcionário do supermercado. A partir daí, questionamentos surgem, colocando a amizade em xeque-mate. Começa uma jornada intensa pela sobrevivência.



"Bang Bang" estreou primeiro nos EUA. Como você vê o lançamento de um filme brasileiro em um país estrangeiro? Aliás, o cinema brasileiro é aceito e celebrado por aí?

A edição acabou em 2019 e foi nesse tempo que eu comecei a procurar os festivais para lançar o filme, mas começou a pandemia. Inicialmente, a gente tinha uma ideia do que fazer, mas acabamos mudando e as coisas aqui no Brasil pioraram bastante e lá fora as coisas meio que abriram antes, aí lançamos lá primeiro. Lançou por lá também on demand, já está disponível na Amazon, na Apple… Agora, com as coisas melhorando por aqui no Brasil, a gente vê como consegue passar por aqui.

A aceitação foi legal, tá sendo bem legal agora também. Vejo que os adolescentes e adultos mais jovens se identificam um pouco mais e acabam pensando um pouco mais na história, levando para a vida pessoal - e era isso que a gente queria.


"Bang Bang" traz uma "brincadeira" adolescente que foge do planejado quando um deles atira em Nathan. Como foi para você trabalhar com esse tema? Como ele te impactou?

O Nicholas [diretor do filme] é meu amigo, a gente se conhece há um bom tempo e ele sabia muito de mim. Eu, pessoalmente, estava passando por uma fase que estava fazendo essa transição [da adolescência para o adulto] de fase e o Nicholas colocou isso no filme… Quando eu comecei a ler eu via que muitas coisas pareciam comigo… Nicholas já me tinha em mente quando escreveu a personagem, então, a gente filmou e eu descobri muitas coisas de mim mesma. A personagem é muito tímida, muito "Maria vai com as outras" para depois perceber o que ela tá fazendo… Vai se descobrindo, vai se libertando… Foi bem legal filmar.


"Bang Bang" tem previsão de estreia para o segundo semestre no Brasil. O que você espera dos telespectadores?

Eu acho que é um filme muito alternativo e pessoas que gostam não sejam só Blockbuster, o cinema grande vão gostar, porque a ideia do filme é muito interessante. A partir daí, obviamente, cada um tem sua opinião após assistir. As ideias e as mudanças dos personagens estão presentes, então, acho que o telespectador vai refletir muitas questões.


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