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Lynch/Oz

Foto do escritor: Michele Costa Michele Costa

Sonhador e entusiasta da arte, Frank Baum apresentou outro mundo para as crianças. No entanto, foi em 1939 que O Mágico de Oz ganhou o prestígio de leitores e não leitores ao tornar-se filme pelas mãos de Victor Fleming que despertou a curiosidade dos telespectadores por conta das cores. O filme marcou diversas gerações, como é o caso de David Lynch que sempre inseriu elementos da cidade das Esmeraldas em seus projetos. Esse ato vai além da homenagem: o cineasta mostra que sua imaginação sempre o guiou, independente de sua idade. 


Alexandre O. Philippe investiga a devoção do diretor com o mundo fantástico de Baum em Lynch/Oz. Lançado em 2022, o documentário procura destrinchar as influências do clássico em technicolor na obra do cineasta de Twin Peaks (1990 - 1991) e Cidade dos Sonhos (2001). Dividido em capítulos, Philippe convida os diretores Rodney Ascher, John Waters, Karyn Kusama, Justin Benson e Aaron Moorhead, além da crítica de cinema Amy Nicholson para debaterem e refletirem sobre a hipótese que colocou em prática: o cinema de Lynch segue a partir da obra de Fleming. Como argumento, utiliza frames de filmes e da série para fazer as comparações.


"Ele usa O Mágico de Oz como uma forma de apertar a mão do público e dizer: "Temos essa linguagem em comum: pode confiar em mim.""

Por exemplo, em um determinado momento questionam as cortinas de Twin Peaks com o momento em que Totó, cachorrinho de Dorothy, descobre a farsa do grande Oz, um homem que produz efeitos fraudulentos em segredo para continuar no poder. Mas não é só isso: segundo Lynch, as cortinas representam o início da magia, ou seja, a realidade ficou para trás e agora o seu mundo ganha protagonismo. 


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Outro ponto interessante de Lynch/Oz acontece quando questionam a sonoplastia do início de O Mágico de Oz (algumas pessoas se reuniram para realizar com a boca o som do vento). É interessante acompanhar o som - feito com tecnologia - em O Homem Elefante (1980) e Eraserhead (1977). Será que ao escutar a ventania, Lynch era transportado para o mundo fantástico? Segundo John Caves, ele vivia em outra realidade - essa que era mostrada em seus trabalhos. 


Ao realizar Lynch/Oz, Alexandre O. Philippe faz com que o telespectador se pergunte se o cineasta americano estava preso no mundo de Oz, afinal, as referências sempre estiveram presentes em seus projetos, conscientes ou inconscientes. Porém é um filme muito maior: nos ajuda a reinterpretar O Mágico de Oz pelo olhar de David Lynch que sonhou até o último suspiro.



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