Existem diversos motivos para uma pessoa se exilar. No caso de Patricia Polayne foi uma necessidade para refletir sobre as transformações do mundo. Durante o resguardo, a artista viveu, amou, trabalhou e buscou no místico o suporte para sobreviver com a chegada da extrema-direita. A partir de suas vivências e observações iniciou o processo de um novo trabalho. Após 15 anos, a heroína retorna ao mundo com O Comboio da Ilusão.
Patricia Polayne está mudada, não é a mesma pessoa d’O Circo Singular - As Canções do Exílio (2009). Com os cabelos longos e (muito mais) determinada, ela ressurge com arquétipos que, juntos, narram o autoconhecimento e renovação, além das profecias que viu nas cartas de tarô. Este novo disco não é focado somente nela, pois Polayne aborda os sentimentos que sentimos todos os dias, fazendo com que O Comboio da Ilusão seja universal, para todos. Dessa maneira, a heroína busca segurar as mãos de todos que estão ao seu redor.

O álbum nasceu no período pré-pandêmico, quando a artista sergipana decidiu passar uma temporada fora de Aracaju (SE), próxima da natureza e em estudos esotéricos. Sentindo a presença da morte (afinal, um fascista estava no poder), Polayne recriou as imagens do filme O Sétimo Selo (Ingmar Bergman, 1957) para nos relembrar os perigos de um ditador que encanta as pessoas para levá-las à morte. "A própria expressão comboio da ilusão é tirada do filme do Bergman. Aquela imagem icônica de um comboio, de um cortejo meio trôpego, meio bêbado, que não percebe que estão sendo guiados pela morte para o abismo porque estão anestesiados. O título do álbum sintetiza muito bem o que eu quero passar", explica.
"É um álbum que ajuda a refletir sobre esse novo ato, pós apocalipse. Estamos dançando sobre os escombros, estamos agora na reconstrução desse mundo que explodiu e que não deixou de ser perigoso. Estamos vivos, sobrevivemos, mas o que vem agora a partir disso?"
Você nunca parou de fazer arte, mas precisou de 15 anos para voltar do exílio. Como está sendo esse retorno?
Eu acho que esse tempo, na vida do artista, é um tempo elástico, um tempo subjetivo, né? O tempo da criação, é o tempo-arte. Então é claro que para o mercado esse hiato significa uma série de perdas, né? Como você disse, eu nunca parei de produzir, né? A questão foi a produção real, fonográfica, né, porque eu venho de um primeiro álbum em 2009 e depois desse álbum eu não produzi outro para dar essa sequência e isso, do ponto de vista do mercado, é uma coisa inviável, né? Então, quando eu volto para esse mundo fonográfico, de estúdio, de álbum e tal, eu volto com muitos receios… E um deles é a questão do meu tempo pessoal, meu tempo de mulher, que para a mulher isso ainda é mais difícil! Existe essa questão do etarismo na indústria, ela é real, sobretudo no meio musical, para as cantoras… Você reaparecer na cena já com quase 50 anos de idade e lançando um álbum, sobretudo pop, um álbum com uma pegada mais dançante também…Existem várias questões que poderiam me desmotivar a voltar, mas aí tem essa outra questão maior de todas que é do tempo-arte. Eu levei esse tempo todo vivendo, então essa existência, as marcas dessa existência como uma mulher nordestina, LGBT, vivendo no menor estado do Brasil, num exílio permanente, acaba sendo refletida, todas essas marcas vão ser refletidas nesse novo trabalho. Então, O Comboio da Ilusão, dá continuidade, mesmo após um longo hiato, ao primeiro álbum; ele segue como uma trilogia. Ele é uma espécie de segundo ato, após um longo intervalo, mas a coerência entre os dois trabalhos é uma marca muito forte, porque no primeiro vem o tema do exílio, no segundo vem o tema da ilusão, e a maneira como eu estou lidando com toda essa parte artística, desde a escrita do álbum, que começou um pouco antes do exílio, num auto-exílio, num isolamento que eu fiz, indo viver na zona rural, numa fazenda, tudo começou a se desenhar para mim. Viver realmente da música em Sergipe é uma aventura quase inviável, uma coisa muito difícil viver da própria arte aqui, porque o estado é pequeno e as oportunidades são menores ainda. E a gente vive, de fato, um tempo sombrio aqui agora, porque o governo é de direita, de centro-direita, e agora a prefeitura ganhou a extrema-direita. Então, eu percebi que o álbum tem uma mensagem profética, ele começa a ser feito antes da pandemia - ser escrito, ser idealizado como conceito estético.
O meu produtor, Dudu Prudente, é sergipano, mas atualmente mora na Bélgica, então, foi um momento de muita atenção, como um clima de guerra mesmo, cada um no seu bunker, produzindo à distância e tentando montar esse quebra-cabeça. A participação do Dudu foi fundamental, porque nesse período em que a gente foi construindo esse álbum, ele - por me conhecer muito bem - teve um cuidado muito grande de lidar com tudo isso e muito respeitoso com o meu desejo de imprimir esse conceito que começou a vir. Eu acredito que, se não fosse um intervalo tão grande, eu não teria o tempo precioso para me conscientizar do que estava por vir, tanto em matéria de conceito estético, musical, mas também da mensagem que eu queria passar. Então, ele é um álbum absolutamente confessional, mas dentro de uma esfera que foi construída ao longo desses anos, ao longo desses 15 anos. Então, como existe uma coerência na pausa para a construção dessa segunda narrativa, é como se esse tempo não existisse. Quando você ouve o segundo disco e ouve o primeiro, você entende que essa pausa, ela simplesmente está num conceito de tempo, que dentro do projeto não cabe mais, não cabe os 15 anos. Esse tempo se encurta, porque aí ele se transforma na pausa necessária, no respiro necessário para conseguir traduzir esse segundo ato, essa segunda narrativa.
Durante esse período em que você realmente viveu, foi para outro lugar e tal, como foi lidar com isso? Porque quando você volta, existe um mundo diferente, ainda mais tecnológico, com redes sociais e seus algoritmos e plataformas de músicas. Não te assustou?
Com certeza esse foi o maior desafio de todos, porque quando eu lancei o primeiro álbum, não havia ainda o streaming, ou se havia, não era popular ainda no Brasil em 2009, Spotify, Instagram… Eu me lembro que, por exemplo, no lançamento [do O Circo Singular - As Canções de Exílio] eu fiz um press kit em que era CD, DVD, cartãozinho, bolsinha… E aí, claro que eu fui acompanhando essa evolução, mas não me entreguei para ela, porque eu não estava vivenciando isso profissionalmente falando. Eu comecei a ver a revolução das redes, do streaming, mas eu ainda não estava dentro do mercado. E aí quando a gente decidiu lançar o álbum, a gente já sabia que iria ter que ser nesse novo momento, nesse novo tempo. Eu confesso que eu sou horrível [com redes sociais], porque eu tenho preguiça, eu tenho uma inabilidade para lidar com essa instantaneidade. Porque você é uma pessoa que leva 15 anos para lançar o álbum, não é nem um pouco instantânea [risos]. Então eu tenho muita preguiça de lidar com esse mundo, apesar de entender a importância dele, mas é claro que é assustador. Eu acho que é o pior de tudo na verdade, né? Porque eu não nasci dentro da internet, eu venho de um outro tempo, sou old school. A minha geração alcançou todas essas transformações, a gente viu fita cassete, vinil, a gente viu tudo acontecer… E aí é claro que eu me sinto, falando isso com o meu produtor, é como se eu fosse uma nova artista, porque eu estou me lançando dentro de um novo panorama e uma pessoa completamente verde nesse assunto. Então eu estou tendo que aprender. E tanto é que as novas gerações, elas já produzem seus álbuns dentro do próprio quarto delas e lançam e viralizam… É o TikTok, é isso ou aquilo. E eu realmente não me enquadrei nessa parte. Então eu produzi um álbum completamente orgânico. Agora é claro, entendendo que a forma como se ouve música hoje mudou, principalmente as novas gerações ouvem 15 segundos, 10 segundos de uma música, não ouvem nem a música inteira, não ouvem na ordem. Então quando você faz um álbum com um conceito, com uma narrativa, você bota ele todo na ordem certinho, você quer que as pessoas ouçam na ordem para elas entenderem a mensagem, mas nem sempre isso é possível. Então não foi só a maneira de se produzir e de se lançar a música que mudou, a maneira de se ouvir a música mudou. Então isso também é assustador porque aí já mexe também com a sua percepção. Você começa a pensar: "poxa, será que vão entender o que eu quero dizer, a mensagem?" Porque eu não faço por entretenimento, não estou lançando música por lançar. Eu tenho toda uma narrativa literária dentro da estrutura desse conceito. Então será que isso vai se passar? Mas na verdade essa preocupação é minha enquanto artista. Mas você tocou num ponto bem sensível. Acho que de todos os desafios, o etarismo, o retorno do exílio, de todos esses produzir num lugar pequeno, produzir na pandemia, que foi algo assim, acho que foi muito doloroso não poder. Eu rata de estúdio, eu adoro estar dentro de um estúdio, trocando com o produtor, montando isso junto, mixando junto e para mim foi muito torturante fazer tudo isso à distância. Então para além de todos esses desafios, o maior de todos, sem dúvida, é voltar para o mundo, para as prateleiras, para o mercado, dentro desse novo contexto tecnológico e mediático.
É interessante porque você usou a palavra profundo e esse disco, eu tenho a impressão de que ele foi muito mais profundo do que o primeiro, porque você sai de cena, você vive, você traz as suas ideias, vem uma pandemia. No meio da pandemia vem uma extrema-direita que só está crescendo e a morte ali na espreita, sempre. Então como que foi gravar durante esse período e como está sendo agora cantá-lo em um período que a gente tem vida, mas ainda a gente tem muitos obstáculos para viver?
Tem uma dica aí no álbum, logo na abertura sobre isso que é a frase de Bertold Brecht que encerra a primeira canção, "A RODA", que anuncia o disco, em que fala: “estamos vivendo tempos sombrios, aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a triste notícia.” Ele foi produzido nos tempos sombrios, não é que o álbum seja profundo, os temas são profundos, o medo, a morte, são temas inerentes desse período. Então passa o período da pandemia, "passa" o bolsonarismo, Bolsonaro sai do poder, porque ele também está presente, o impeachment de Dilma está presente aí, "A RODA" foi feita nesse período do impeachment da Dilma… Então é um disco também de temas políticos, toda essa expectativa desses tempos sombrios estão ali. Só que o que acontece? Ao longo desse tempo, passa o período, Lula vence as eleições, volta uma certa euforia, e aí o meu produtor me procura e fala: "amiga, vamos mudar a letra de "A RODA", porque você fala: "eis que Deus deu asa à cobra, tempos sombrios que virão", só que Lula está vindo aí, como é que os tempos sombrios virão?" E aí eu disse: "amigo, nós não estamos compondo esse álbum para esses tempos de euforia. Não se esqueça que está se descortinando no horizonte, uma possível vitória de Trump, uma possível terceira guerra mundial. A extrema direita está avançando, independente da nossa coisa local, aqui brasileira, no mundo. Eu não estou fazendo um disco somente local, nem para Sergipe, nem para o Brasil. A gente está pensando numa mensagem para o mundo." É incrível como está tudo tão coerente, misticamente falando, que quando a gente lançou o primeiro single do álbum, que foi "A RODA", a gente não programou, a gente não imaginou isso, mas foi um dia depois da eleição de Trump. Então a gente lança uma canção logo depois da eleição de um líder de extrema direita mundial, com a seguinte frase: eis que Deus deu asas à cobra, tempos sombrios que virão. No dia seguinte! Então Dudu me liga e diz: entendi aquela nossa conversa de anos atrás. É um álbum de profecias." A gente começou a entender isso. E aí você faz essa pergunta de como é compor esses temas num período tão difícil, traduzi-los para esses tempos atuais. Eu acho que isso é uma das funções do artista. Mas aí ele vem com essa frase, "aquele que ainda ri e não recebeu a triste notícia", é uma linguagem subliminar: você está ali dançando, você está ali mantendo o pique de viver alegre, é um alimento, alegria, mas não se esqueça, estamos vivendo tempos sombrios ainda, porque um intervalo de alegria, como foi a vitória da esquerda com Lula no poder, não invalida o avanço da extrema-direita no mundo. E esse avanço vai interferir na nossa política local, não nos iludamos. Então eu acho que o álbum é sensível, porque ele toca em feridas que não queremos ver, não queremos sentir, queremos viver anestesiados.
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Dividido em dois atos, o álbum aborda uma narrativa épica e cíclica: a "Trilogia de Terra e Água" e a "Trilogia de Fogo e Ar". Essa estrutura faz referência aos quatro elementos da natureza e ao mito do eterno retorno, explorando, com densidade e lirismo, as etapas de uma jornada de autoconhecimento e renovação.
Gravado entre Sergipe, São Paulo, Rio de Janeiro e Bélgica, O Comboio da Ilusão mistura o pop com as veredas brasileiras, ou seja, baião, bossa nova e o piseiro, mostrando a força e o mistério de Patricia Polayne que nos hipnotizam como se estivéssemos em sonhos.
O Comboio da Ilusão é um álbum místico, onde o ouvinte vai também desenvolvendo esse quebra-cabeça, já que você não dá tudo mastigado. Você acha que o ouvinte ao ouvir esse álbum vai conseguir compreender os arquétipos corretamente e a necessidade da mutação contínua?
Uma amiga chegou a dizer: "você fez um álbum para iniciados" [risos] porque, de fato, pra quem saca o tarô um pouquinho vai compreender melhor porque é um disco de códigos, um disco de charadas; mas você não precisa entender tarô ou de arquétipos para sentir o arquétipo, para perceber como você pode se enxergar dentro daquela narrativa. Claro, pra quem já tem um contato com tarô ou I Ching… Eu acredito que todo mundo, qualquer pessoa, pode se identificar com as canções porque a maneira como eu escrevo as canções é de uma maneira lúdica. Fala sobre os sonhos, emoções, sentimentos… São questões universais! O arquétipo é uma construção universal que tá em todo mundo. Jung falava desse inconsciente coletivo e eu quis abordar o inconsciente coletivo independente da pessoa conhecer ou não a trama. É sobre a vida, sobre os golpes do destino: hoje você tá embaixo, amanhã você pode tá em cima, né? Eu abordei temas que são temas universais, na pandemia a gente viveu os temas universais… A pandemia igualou a dor! O cara podia ser pobre ou rico, morar no interior ou em Nova Iorque, não interessa, todo mundo era igual na sua dor que era a dor do exílio, do distanciamento, da perda de parentes… Dinheiro nenhum comprava nada naquele momento! Acho que esse álbum faz isso: iguala a dor, os sentimentos. Acho que é um álbum profundo, mas profundo no sentido de que existe muita leitura nesse álbum, muita literatura e cinema, mística - uma narrativa construída em cima de temas profundos, mas ao mesmo tempo ele é muito acessível para o inconsciente porque quando você ouve, você se identifica - e eu não precisei jogar tarô para entender isso, eu me ouvi.
O álbum se inicia com o poema de Maria Cristina Gama, o que ele representa para você? Ele termina com "vivo orando" e fiquei me perguntando, dada toda circunstância do álbum - o exílio, o retorno, a vida e a morte - se você ora para continuar amando o difícil.
Muito boa essa pergunta. Esse poema é a síntese da minha alma de artista e ele sintetiza o próprio álbum. "Não tenho a idade dos meus anos" já fala sobre o etarismo que eu sofro… O nome próprio do poema já diz tudo: "Amor ao Difícil". A explicação para isso é o amor, né? Acho que de todos os mistérios do álbum esse "AMOR AO DIFÍCIL" é o maior, porque a gente ama o que a gente faz… Sei lá, a coisa da música é quase uma tirania, eu já tentei sair mas não dá, é uma esquizofrenia. É também difícil lidar com esse amor, mas a Maria Cristina Gama é uma poeta que traduz tão bem a alma do artista atormentado pela sua própria arte porque precisa produzir independente da sua dor. [Anos atrás] eu consultava seus poemas como se fosse um oráculo: pegava o livro, abria e caia um poema e eu lia aquele poema e era quase como um horóscopo [risos], entendeu? Ela tinha essa capacidade de mexer com o meu inconsciente porque é muito forte sua poesia. Eu aprendi o poema e passei a recitar nos shows, então, ele já faz parte da minha vida há uns vinte anos - é muito íntimo esse poema pra mim. Eu abro e fecho o álbum com poema, abro com o poema de Maria Cristina e fecho com o poema de Florbela Espanca. Quando ela fala da prece eu interpretei que sim é duro a minha prece porque essa reza, essa oração é a própria arte, né? É dura! Mas a gente não desiste de orar, a gente segue acreditando. Apesar da dureza da prece, ela ser tão difícil e dolorosa, a gente segue orando porque a gente não pode parar. O orar também tem uma conotação da fé, sabe? Então quando abre o poema e a música que vem logo em seguida [“A RODA”, diz:] "Eu vivo orando eis que Deus deu asa a cobra tempos sombrios que virão" a minha oração é essa, não é alienada, ela tá antenada com o seu tempo.
Em "A PEQUENÍSSIMA" você canta: "nunca fomos santos / o que é que seremos?" e eu te pergunto: o que podemos ser neste mundo? Você consegue visualizar algo?
É difícil essa pergunta… A gente vai sendo. A gente vai atendendo o chamado. O tarô não prevê o futuro, ele prevê o aqui e o agora, porque esse futuro na verdade também é uma ilusão. O álbum também vai falar sobre isso: a ideia de um futuro é uma ilusão, a ideia de um passado é uma ilusão, porque se a gente for parar para pensar só existe o aqui e o agora. E esse aqui e agora é uma construção.
"Os temas vieram contando essa história, uma narrativa de como eu me sinto após esse exílio, de como eu me sinto voltando para esse lugar da criação. E aí eu descobri que era um jogo de tarô, que as canções eram arquétipos, eram arcanos maiores do tarô. Cada uma tem um nome de um arcano: a roda, o profeta, o medo, o abismal, e que isso formatava uma narrativa também mística, de um processo evolutivo dessa heroína, dessa personagem que conta essa história e que culmina na morte, que é a faixa "MORRO DO URUBU", é um réquiem."
Ficha técnica de O Comboio da Ilusão, de Patricia Polayne
Gravado no Orí Estúdio (Aracaju-SE), MAAR Studio (Bélgica) e Casa Embura Estúdio (SP), entre 2018 e 2022.
Produção Musical, gravação e mixagem: Dudu Prudente
Co-Produção: Allen Alencar
Produções adicionais: Léo Airplane, João Mário
Masterização: Luiz Tornaghi
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