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  • Foto do escritorMichele Costa

As mutações de MEL

"Mutante", música escrita por Rita Lee e Roberto de Carvalho marcou muitas gerações. Lançado em 1981, o casal criou um indivíduo que tenta se adaptar com as mutações de um relacionamento. Dançante, a música contém ironia, um leve toque de amargura e elementos lúdicos. Quatro décadas depois do seu lançamento a música que continua presente nos dias atuais, ganhou nova versão por MEL, com lançamento via selo Let's Gig e distribuição da Altafonte.


Após o lançamento do single "A Partir de Hoje" no ano passado, que deu start para sua carreira solo, MEL volta com a primeira de uma sequência de releituras de músicas que foram trilhas e referências para sua trajetória. Assim como Rita, MEL está em constante mutação, buscando o melhor para si todos os dias - e não é só isso. As duas cantoras têm muito em comum: participaram de uma banda (Os Mutantes e Banda Uó), passam por turbulências e sobrevivem com um toque de deboche e ironia - características que estão presentes na canção. Rita e MEL são mutantes.


A música foi escolhida a dedo, ou seja, a cantora e compositora tem uma história com ela: "É uma canção que ouço bastante desde 2002. E seguiu comigo durante muito tempo. "Mutante" fala de rejeição, né? Mas também tem um tom de deboche. É sobre estar junto e se sentir só e sempre em processo. De alguma forma essa música acompanhou minha transição e foi uma das principais trilhas. Por isso ela é parte da minha lista de releituras".


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"Mutante" é uma música que você ouviu e continua ouvindo muito. O significado da canção mudou para você de 2002 para 2021?

Bom, de 2002 para 2021, muitas coisas mudaram, né?! Eu morava em Goiânia, agora moro em São Paulo há mais de dez anos. Passei por uma banda… Ou seja, muitas transformações, muitas mutações aconteceram durante esse processo todo. É uma música, de alguma forma, que permanece nessa mutação o tempo todo. Então, ela ganha significados, ela só agrega significados a ela. Pra mim, é uma música que diz muito sobre relacionamentos, também sobre finais, recomeços e sobre manter o bom humor - é uma música que ela só ganha significados pra mim, ela nunca perdeu e nunca se transformou totalmente, ela já é uma transformação.

Sua versão é voltada para a bossa nova. Como foi chegar e trabalhar com esse ritmo?

Quando surgiu a ideia de fazer "Mutante", eu conversei bastante com os meninos do Deep Leaks, os produtores maravilhosos e a gente foi tentando chegar em algo que tinha a minha cara, que também fosse novo, fosse diferente das outras versões que já tem dessa canção e que fizesse uma revisitação em alguma sonoridade. A gente acabou chegando nessa versão que tem um pouco de bossa nova, mas que não é totalmente bossa nova, eu diria que é uma bossa nova nova [risos], porque ganhou a minha cara também. Foi assim que a gente chegando nesse ritmo, com algumas experimentações, algumas observações de artistas internacionais que estão usando a bossa nova, então, como é uma sonoridade brasileira e que é nossa, eu prefiro que seja a gente trabalhando com ela do que entregar isso para outras pessoas.

"Mutante" é uma música debochada que fala sobre transformações - e você passou por muitas. Você continua se transformando, certo? Para onde essas transformações estão te levando? É possível descrevê-las?

Acho que parte das transformações que eu vivo, eu posso descrever. Eu me tornei uma mulher mais madura, na idade também, e acho que tudo isso acaba voltando para o que a gente faz, para o nosso trabalho, planejamentos de carreira e tudo mais… A gente não é tão mais "se joga", a gente vai planejando, entendendo como vão ser as coisas, até onde a gente pode repercutir e tudo mais… Até as nossas maiores transgressões são totalmente programadas - pelo menos parte delas. O que eu posso dizer sobre as minhas transformações é que elas vão continuar acontecendo. Eu passei por um processo, depois da Banda Uó, de experimentação de várias sonoridades, coisas até hoje que ainda não foram publicadas, o público ainda não pode ouvir - são partes desse aprendizado que eu estou tendo. O que eu posso dizer sobre essas transformações é que vai vir um disco muito bonito, um disco que fala sobre a minha vivência, que fala sobre esse êxito das minhas raízes goianas, não que seja algo country ou sertanejo, mas talvez tenha uma coisa aí que venha com isso… Enfim, é um disco que vem falar sobre a Mel e a Mel tem várias caras, a Mel é uma artista multifacetada, então, essas transformações estarão presentes nesse próximo trabalho, nesse trabalho grande e é isso que eu posso adiantar.


A mutação de MEL também está presente na capa do single: clicada por Ivan Erick com a assistência de Gael Oliveira, a cantora dá uma nova cara à Medusa, filha de Fórcis e Ceto, que transformava em pedra quem a olhasse diretamente nos olhos. Para dar continuidade a mitologia grega, o diretor e designer Rodrigo Carvalho desenvolveu uma caverna âmbar 3D onde a medusa geneticamente modificada estaria. O indivíduo que Rita criou ganha forma pelos olhos de MEL. "Pena que você não me quis / Não me suicidei por um triz / Ai de mim que sou assim"



Para o futuro, MEL está se preparando para entregar uma nova releitura, dessa vez é a música "Emoriô", original de João Donato e Gilberto Gil. Outras novidades devem sair em breve, consequência das mutações constantes de MEL.

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