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A vida de Gabre

  • Foto do escritor: Michele Costa
    Michele Costa
  • 23 de mai.
  • 14 min de leitura

Em O Retrato do Artista Quando Jovem, James Joyce narra as experiências de infância, adolescência e fase adulta de Stephen Dedalus. Após diversos episódios deprimentes, engraçados e raivosos, o protagonista decide viver sua vida ao máximo, sem restrições, longe de onde cresceu. É impossível não fazer uma ligação com Gabre - principalmente ao visitar sua discografia. 


Em Tocar em Flores Pelado (Honey Bomb Records, 2020), Gabre - na época Gabrre - fez um retrato sincero de sua juventude na serra gaúcha ao abordar momentos de tédio, frustrações e confissões. Já em Don’t Rush Greatness (2023), o músico traz novas experiências ao deixar para trás uma realidade segura. Morando em Lisboa, canta: “Eu sim, eu quero tudo aqui e agora / Na mão, sem desculpa e sem demora / Enfim, penso em quem pensa em mim / Pra sempre entre o tempo e a memória”. O EP Provisões de Emergência (2024) mistura sentimentos com psicodelia, mostrando as sensações de Gabre. Agora, em Arquipélago de Ilhas Surdas (2025) traz momentos que o atravessaram intensamente, já na vida adulta. 


A trajetória de Gabre é parecida com a nossa: encerramentos de ciclos, perdas, noites de bebedeiras, ressacas, cigarros, danças e vivências - todos com muita intensidade, ou seja, a vida como ela é. 


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São seis anos na ativa. Quais reflexões que tirou desse tempo? 

Essa é uma ótima pergunta, na verdade. O processo todo começou meio despretensiosamente, porque eu sempre toquei, desde criança, em várias bandas de diferentes gêneros. Quando eu comecei a fazer as coisas solo, basicamente comprando equipamentos e tocando no quarto e aí eu lancei o primeiro disco… Sei lá, fiz ele porque eu precisava fazer, sabe? Meio que todo o teu surrounding te inspira a fazer as coisas, sabe? E aí, quando eu lancei ele, enquanto eu tava nesse processo, eu já tava meio que numa transição de vida, porque eu fazia música desde sempre, mas nunca tinha colocado isso como foco, tipo, "vou fazer isso e vou viver disso", foi logo no lançamento dele que eu me mudei pra Portugal pra fazer desenho de som. Quando eu lancei o disco, não consegui fazer tour porque era pandemia, foi bem no auge da pandemia de 2020, aí continuava gravando algumas coisas… No segundo disco vi que dava pra fazer isso, não só isso, outras coisas também, mas dava pra focar mais e aprendi muito nesses últimos anos como trabalhar com música e como poder explorar os meus caminhos criativos e não ficar só numa coisa de bedroom pop de quarto. Agora, chegando aqui, uma coisa que bateu muito pra mim é a responsabilidade que eu tenho em relação às pessoas que vão ouvir, não é só mais o que eu tô soltando… Tipo, existem pessoas que realmente se identificam com as narrativas e etc, e agora isso tem um peso maior pra mim tanto na forma de compor quanto na forma de produzir e o que eu vou fazer depois da produção, né, mas honestamente tem sido um caminho muito bom, eu não imaginava que ia ser tão divertido. 

Tocar em Flores Pelado tem músicas da adolescência até o início ali da juventude, ou seja, você vai mostrando o seu crescimento, o seu desenvolvimento, é uma história autobiográfica, né? Hoje em dia, quando você revisita isso, você vê tantas diferenças? Você fica com aquele sentimento de "eu poderia ter sido diferente aqui ao relembrar de histórias" e tal? 

Não, eu acho que tudo que tá lá tá muito bem marcado, tanto que hoje em dia - agora que eu voltei pra Gramado -, eu escutei uma das tracks e a que mais me pega é "No Meu Quarto" que era basicamente uma narrativa de um dia normal de inverno: vou sair, vou encontrar os amigos num lago, vou beber um vinho, conversar um pouco e vou pra casa porque tá frio - é só isso, é básico. E eu já não sinto mais aquilo, sabe? Tipo, eu já não tô mais ali, então eu vejo que é uma obra que ficou encapsulada naquele momento, que de certa forma funciona. No momento que eu tava fazendo, eu pensava: "ah, é isso que eu sinto agora e provavelmente eu vou sentir isso pra sempre", mas, obviamente não - depois eu vou ter outras responsabilidades e conhecer outras pessoas e ter outras experiências. Mas pra mim ele ficou, tipo, muito marcado como o que aconteceu tinha que ter acontecido, assim, exatamente como ele tá, foi perfeito, foi um conjunto de acontecimentos que foi perfeito. 


gabre
(Créditos: Renato Chorão)

Na música "Verão de Novo" você diz que já largou tudo, mas pensa em quem ficou. Hoje em dia, você ainda relembra essas pessoas que ficaram? 

Ah, isso é uma coisa que eu também pensei quando eu voltei pra cá, porque faziam três anos que eu não vinha pra cá. Eu cheguei aqui e fiquei em choque de quanto é bonito, seguro e pacífico, sabe?! E aí eu fiquei meio que pensando "eu não deveria ter largado tudo, eu deveria ter ficado." [risos] Mas era mais no sentido de que, tipo, naquela época, basicamente, todas as pessoas que eu conheci, boa parte do grupo de amigos, a gente tinha vontade de fazer alguma coisa e de sair e conhecer as coisas e tinha algumas outras pessoas que ficavam mais naquele sentido de "ah, tá tudo bem como tá." Eu acho que como eu era mais novo, eu não conseguia compreender isso, porque eu tinha aquela ânsia, aquela vontade, aquela angústia de sair e conhecer tudo. Talvez, às vezes, não seja necessário, sabe? Tipo, às vezes tá bom só ficar pacato e tranquilo, assim… Então, eu acho que naquele momento de reflexão que eu tive em ver de novo foi de "pô, eu quero conhecer o mundo, quero fazer outras coisas, quero tocar, quero viver de música, sei lá, tocar em outros países…" Não sei, eu acho que fica meio que aberto porque, na época que eu escrevi [a música], eu lembro que eu imaginava que outras pessoas mais novas poderiam ouvir essa música e sentir o que eu senti; porque eu ouvindo bandas daqui, que hoje em dia há pouquíssimas, mais velhas que eu, eu pensava: "pô, eu me inspiro muito nesses caras. Tipo, que bom que eles existiram antes de mim, porque eu pude fazer o que eu fiz e, talvez, se eu fizer isso, outras pessoas podem vir e fazer de novo e continuar um ciclo, assim, criativo." Mas acaba ficando uma interpretação meio aberta, né? Se você tem vontade de sair, explorar as coisas da tua forma, é não perder tempo pensando, tipo, se vai dar certo ou não, é só ir. Porque o pior é, tipo, o que [pode] dar errado fazendo é se arrepender depois de não ter feito, né. 

E aí você sai do Sul, do seu quarto, e vai pra Lisboa e de lá lança seu segundo álbum. Como foi essa mudança e como estar em outro lugar te impactou? 

Sim, foi uma diferença grande, porque, querendo ou não, eu tinha essa vida pacata que tem no primeiro disco, é um disco mais tranquilo, então basicamente a minha vida era aquela. E aí sair pra outro país foi "tem que ir, vou ir e vai ser difícil pra caralho." E foi! Foi muito porque eu cheguei lá na pandemia, não conhecia ninguém, fazia aula online e tal… E isso foi gradualmente transicionando, porque eu comecei a conhecer mais os meus colegas de faculdade que tinham interesses parecidos com os meus. Eu comecei a viver um mundo, tipo, meio metropolitano - imagina a diferença!? Eu tô no interior de Gramado e eu vou pra uma capital europeia do nada, morando sozinho, pagando as minhas contas, é uma transição abrupta, sabe? E nisso eu tive que entender quais são as minhas prioridades e as minhas responsabilidades e conseguir encaixar a música ali como o topo disso, tipo, eu tenho que fazer tudo ao redor disso, senão nunca vou conseguir fazer as coisas com calma ou com bom gosto, de certa forma. Agora sou eu e eu e eu vou vendo o que acontece, vou ver como é que o meu ambiente vai moldar as coisas, né, porque eu geralmente não escrevo nada muito poético, criando histórias e tal, geralmente é o que acontece ao meu redor, é sobre os acontecimentos. 

Quando você pára e pensa naquele jovem que queria sair, aproveitar o mundo, viver intensamente e tal, você acha que você conseguiu dar para ele o que você tinha em mente? Sim, claro que sim. Demorou um pouco, mas é que foi... Eu esqueci um pouco que eu tinha essa veia depois que eu saí daqui, porque eu fiquei muito focado na faculdade, meio intenso… Eu ficava fazendo as músicas quando dava, etc e não pensava muito nessa persona que eu tinha deixado, mas depois de um tempo começou a bater. Acho que foi no lançamento mesmo do disco em que eu comecei a correr com ele, a tocar em outros países e eu fiquei: era exatamente isso que eu queria fazer! Não é muito grande e não precisa ser, não precisa ser algo grandioso. Cada vez que eu tava em uma cidade diferente ou em um país diferente tocando, eu ficava meio em choque, tipo "essas pessoas estão aqui para ouvir as coisas que eu fiz lá no quarto e agora aqui…" Então, acho que o passo foi super certo, foi dado no momento certo, na hora certa, sem apressar nada… O segundo disco também aborda um pouco disso, de não apressar as coisas que vão chegar eventualmente, sabe?


"Teve uma fase também, acho que foi nesse segundo disco [Don’t Rush Greatness], que eu ficava meio que no meio das coisas: saudade de quando eu era antes, mas eu também quero ver como é que é depois. E agora eu olho pra trás e vejo que foi bom, eu não preciso voltar pra lá, tipo, aquilo tá bom lá, tá ótimo assim."

Reflexões e as cenas do cotidiano estão muito presentes nas suas músicas. Por que você trata isso? É uma necessidade ou é um tipo de narração da sua própria história e também da história de quem convive com você? 

Eu acho que isso vem muito das influências que eu tive quando eu escutava [músicas], lia e via filmes... Sempre foram coisas mais narrativas meio biográficas e tal... Nunca me chamou muito a atenção coisas que criam mundos que não são tão palpáveis, sabe? A não ser que sejam metafóricos, alegóricos, eu até entendo a necessidade. Mas pra criar, eu acho que o dia a dia já é tão fantástico que [a ideia de] ter que inventar um outro dia a dia não precisa, sabe? Até já tentei fazer isso algumas vezes, mas não precisa, porque acontece tanta coisa pequena num dia que pra mim já dá pra fazer muita coisa, sabe? E eu sempre tive essa coisa de... Acho que as primeiras coisas que eu escrevia sozinho era meio de... Era meio instrumental, assim, mas era, tipo, refletir o que tava acontecendo comigo e depois de um tempo eu fui incorporando isso a nível narrativo e tal. Eu acho que foi ficando, de certa forma, uma coesão estética, sabe? Não que eu me preocupe muito em fazer "ah, tem que ser sempre assim", mas nunca chegou ao ponto de eu precisar inventar alguma coisa ou criar alguma coisa a não ser esses próprios acontecimentos - que querendo ou não, eles viram um mundo próprio, né, porque foi a minha visão, mas no momento que eles estão condensados em, sei lá, nove ou dez canções, é um mundo particular que já não é mais meu. Igual quando a gente tava falando do primeiro disco, tipo, eu já não acesso mais ele como eu acessava antes… Então, acho que a partir do que eu vejo eu consigo criar uma certa outra realidade e passar pra frente... Eu acho que acaba sendo meio fantasioso, sabe? 

"Barcelona from above" é uma carta de despedida. Você diz algo muito bonito sobre a vida que escolheu. Hoje em dia, você pode dizer que está vivendo a vida que quis? 

Sim, sim, mas com um sim em caps lock! Não veio só a parte boa, vieram todas as outras, responsabilidades, demandas que isso acarreta porque por mais que eu tenha feito o que eu queria fazer, eu acabei deixando muita coisa de lado aqui, né? Minha família e amigos e isso é uma coisa que sempre foi muito importante pra mim. Estando longe, fisicamente longe e difícil de acessar aqui, eu acabo sentindo coisas, emocionalmente distantes, que eu não deveria estar, sabe? Acaba criando um peso, não uma culpa, mas um peso que eu tenho que lidar, que não é só flores, vem os prós e os contras juntos - mas foi o que eu escolhi. Não teria feito absolutamente nada de diferente. 



Você canta em inglês e português, mas é no inglês que você consegue se expressar muito melhor. É mais fácil pra você? 

Pra mim é uma coisa que acontece muito naturalmente de... O tipo de sentimento, ele vem em inglês, às vezes, porque é uma coisa mais fácil de comunicar. Enquanto as coisas que são em português, pra mim, eu jamais conseguiria fazer aquilo em inglês, são músicas que jamais seriam feitas em inglês. O primeiro disco é mais português, o segundo é mais em inglês porque era por eu estar me comunicando mais em inglês - eu estava em Portugal e falo português, mas eu via pessoas do mundo todo… Então, tipo, acabava até pensando, sabe? Não é uma coisa que eu gosto muito, ficar em inglês, gostaria que fosse mais português. Esse disco é mais português. Acho que são tipos de sentimentos que são mais sintetizáveis em idiomas específicos, sabe? Eu prefiro fazer em português porque o português é muito mais complexo, mais bonito, mais floreado e tu consegue exprimir mais coisas, mas tem sentimentos que são mais… Que os anglicismos pedem, sabe? Então tem que fazer em inglês. Honestamente é mais fácil fazer em inglês porque já vem pronto, sabe? Depois de tu passar muito tempo ouvindo música, tipo, em português/inglês, o inglês é mais fácil de fazer, com certeza. Por isso que eu tento evitar ao máximo, mas às vezes eu não tenho o que fazer.


Em Tocar em Flores Pelados você se apresenta junto de sua juventude, em Don’t Rush Greatness você está calmo, mas vivendo; diferente de Provisões de Emergência onde você se encontra mais melancólico. Houve diferenças entre esses períodos ou você continua o mesmo? 

Eu acho que do Don’t Rush para Provisões é grande a diferença porque do período de lançamento do disco até a criação do EP aconteceram muitas coisas, coisas graves no sentido de serem fundamentais. Quando eu fiz Provisões eu tava fazendo esse disco de agora, só que aquilo foi um desanuvie porque eu fiquei muito tempo me prendendo em não fazer uma coisa, algo que eu jamais faria, mas eu tava fazendo esse disco que é mais baseado em samples, ele tem uma base mais densa e as músicas tem umas progressões mais difíceis… Depois de tudo que passou do Don’t Rush Greatness - foi um disco pesado pra mim - eu pensei: "só quero fazer um disco de guitarra" e aquele EP é basicamente isso, um surto necessário. Ele é e continua sendo canônico [risos] e foi um respiro pra mim. 


Me chama atenção que nos dois álbuns você usa a palavra morte, enquanto no EP você aborda a alma queimada, que pode ser interpretada como morte. Por que você trabalhou com essa palavra e o que ela representa pra você? Em algum momento, durante as criações, você passou por uma morte para reencontrar a vida? 

A morte, nesse caso, é mais simbólica, nada de luto. São mortes de períodos, de fases. É isso que ela representa pra mim e sempre representou, até porque eu nunca tive isso muito próximo que fosse me impactar de alguma forma… Sinto que eu sempre fui rodeado por isso, sabe? Ela tá sempre por ali, sempre perto - tá tudo bem, mas a morte tá ali. Não acho que seja ruim, não é algo para se ter medo, é uma forma de aceitar o fim das coisas - as coisas acabam e, às vezes, é bom que elas acabem. Nos dois primeiros discos, quando ela aparece, é nesse sentido. Essa ideia aparece sempre nos discos, bem ali no fundo… 


Tenho a impressão de que em Provisões você está em busca da libertação. Não sei se a liberdade realmente existe, mas o que está tangível em nossas mãos agora, você a encontrou? 

[olha para o lado] Não, acho que não. A gente tá preso em muitas coisas, seja em amarras burocráticas ou coisas financeiras… [risos] Eu meio que já vejo isso como uma coisa natural das coisas em não ser tão fácil ter acesso ao que quero ou estar onde quero, então, essa liberdade existe naquele mundo, por isso, eu mergulho nele às vezes e fico lá, porque é o meu mundo, e depois eu volto para trabalhar e fazer coisas. Encontrar [a liberdade] eu encontrei quando eu consegui fazer aquilo, quando eu liberei aquelas músicas, mas no geral é um pouco difícil encontrar essa liberdade. A gente não é tão livre quanto parece. 


Em Provisões você diz que sua alma queima. Levando a palavra para o literal, como está sua alma hoje em dia, ela continua queimando, ainda mais com o lançamento de um novo trabalho?

Ela queima muito, na verdade [risos]. É muito bizarro porque, pra mim, esse queimar é [sobre] sentir vivo e [ter] vontade de fazer, sabe? Criar é um caos pra mim, mesmo queimando pra sair coisas novas, forjar as coisas, sabe? Provisões surgiu para que Arquipélago existisse - ele caminhou para que o disco pudesse correr. Eu precisava fazer alguma coisa porque eu tava pegando fogo e não conseguia sair do lugar. Então, sim, continua, ainda mais agora que eu vim para o Brasil para tocar. Eu tô vivendo coisas novas, vendo coisas novas, conhecendo pessoas novas e consigo ver a frente… Sinto coisas do dia a dia, consigo interpretar coisas e ter os meus sentimentos abertos, uma certa vulnerabilidade que não é tanta, mas é o suficiente para que eu possa criar para ter essa sensibilidade. Esse fogo é sobre ter vontade de viver. 


Você define, no release, que Arquipélago de Ilhas Surdas foi um trabalho intenso. Como essa intensidade te nocauteou para fazer essas músicas? 

Foi a primeira vez, a sério, que eu tive que lidar com tudo, só. O segundo disco era numa transição e esse era eu e eu. Acho que "Lisboa completamente debaixo d’água" foi a primeira track do disco e tudo o que aconteceu em Lisboa foi exatamente como aconteceu: morreu meu gato aqui [no Brasil], o Brasil perdeu a Copa, muitas coisas… Foi um estopim pra pensar "se aconteceu todas essas merdas e eu conseguir chegar em casa e fazer uma música sobre isso, vou pegar todas as coisas erradas e também vou fazer." Eu imagino que esse disco é o fim de uma trilogia - vou crescer, tô crescendo, cresci. 


Em "crime e carinho" você reflete a tigrinhização das relações atuais e diz que "é mais fácil não pensar". Alienar-se é necessário para aliviar o incômodo? 

A gente se aliena de várias formas, a gente tá sempre escapando de algo. Queria que não precisasse, né. Esse "é mais fácil não pensar" é um "deixa pra depois, vamos viver o agora e depois eu resolvo." A gente realmente banaliza o que a gente levava a sério, eram coisas complexas, mas colocar dinheiro em qualquer coisa e isso ser normalizado… O nível que a gente normalizou bets, cursos, coachs é ridículo! Agora é entrar em um aplicativo, ver quem eu não quero, sabe? Isso é inacreditável e pra mim não faz muito sentido.


"Nós vamos te amar pra sempre", "Jesus is not around" e "Matter is divine and light is a kiss" são músicas extremamente sentimentais, diferente das demais. Como foi mostrar esse lado delicado em um disco tão intenso? O que você espera passar para o ouvinte? 

A gente falou um pouco sobre exposição, né, "Jesus" bateu um pouco. Eu comecei com o instrumental e do nada eu tava com a letra pronta. Ela veio muito rápida, assim como "Nós vamos te amar pra sempre" também foi um dos momentos delicados [que vivi]. É uma música meio autoajuda e eu sou contra autoajuda, mas serve como um respiro - as coisas vão passar e sempre tem alguém que te ama. "Matter is divine" é só aceitação, sair no sol e tá tudo resolvido. Essa é a música mais simples do mundo - é aceitar e apenas viver. É bom sentir esses sentimentos complexos, você está vivo!


Gabre pelo Brasil

Com o lançamento de Arquipélago de Ilhas Surdas, Gabre se reúne com o Irmão Victor para uma turnê brasileira que vai até a primeira semana de junho. Confira as datas:

23 de maio - Porto Alegre (RS)

24 de maio - Novo Hamburgo (RS)

30 de maio - Florianópolis (SC)

31 de maio - Curitiba (PR)

5 de junho - São Paulo (SP)

6 de junho - Rio de Janeiro (RJ)

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