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  • Foto do escritorMichele Costa

Show: Portas



As portas se abrem quando os músicos sobem ao palco do Aramaçan, em Santo André: Pupillo, Chico Brown, Davi Moraes, Dadi Carvalho, Antonio Neves, Eduardo Santanna, Lessa e Pretinho da Serrinha compõem a banda de Marisa Monte. A banda é de peso (já dá para saber que será um belo show), fazendo a plateia gritar e aplaudir. Em seguida, com um vestido prateado, lembrando Iemanjá, e sorrindo, surge Marisa Monte.


O show começa no horário e com "Calma", canção do último álbum "Portas", que carrega o nome da turnê. O público, dividido em três setores - plateia vip, pista e mezanino -, faz coro. Celulares são disparados para registrar o momento. O vestido da cantora reflete no local, nas pessoas e nos músicos, abrindo a porta de cada um. O show é uma celebração à vida e aos ritmos latino-americanos - as imagens transmitidas nos telões ecoam as mensagens.


Fazendo um mix entre os sucessos do passado e do recém álbum, Marisa coloca as pessoas para dançar, porém, o público está mais preocupado em buscar o melhor ângulo para fotos e vídeos. Inclusive, em um determinado momento, uma pessoa pede para que as pessoas cantem baixo pois gostaria de mandar um áudio para um conhecido - me pergunto, o que leva uma pessoa a pagar um ingresso para tentar conversar com outra e atualizar as redes sociais. A indagação não dura muito tempo: a essência do show retorna.


Marisa fala pouco em mais de duas horas de show, mas tem a missão (e é nítido) de entregar uma linda noite ao público - e consegue. Troca algumas vezes o figurino, recordando (e celebrando) as facetas das dezenas de discos. Os trompetes, sax e flauta dão um novo brilho às canções, impossível de ficar parado. Antes de cantar "Volta Meu Amor", parceria com Pretinho da Serrinha, a cantora conta a história da canção, o seu amor pela Portela e a admiração que sente pelo amigo da Império Serrano - o cavaquinho do músico traz a felicidade esquecida durante os anos difíceis que passamos. Aliás, a apresentação de Marisa para cada membro de sua banda é feita amorosamente: entre uma música e outra, relembra histórias, criações e a importância de cada um. Os aplausos e gritos voltam a ecoar o lugar.


Marisa agradece a presença do público e pede aplausos para cada um que fez parte do seu show, inédito no ABC: produtores, montadores, roadies, vendedores, seguranças, limpeza, figurinista, cozinheiras e tantos outros - ela não esquece de ninguém. Em um determinado momento, a cantora faz um discurso sobre a importância da democracia e o público puxa "olê, olê, olá, Lula, Lula"; alguns se irritam, gritando o nome de Bolsonaro, mas o "L" com os dedos predomina (ainda bem!). É assim, com gratidão e as portas escancaradas, que a artista finaliza o show com "Bem Que Se Quis", à capella. As luzes diminuem e aos poucos ela desaparece. A alma do público está lavada.

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