Show: DEUS EX MACHINA
- Michele Costa
- 24 de mar.
- 2 min de leitura
Em 2022, pós pandemia, Jup do Bairro subiu ao palco do Studio SP, acompanhada de sua banda, para fazer um show xamânico de CORPO SEM JUÍZO (2020). Três anos depois, ela retorna, dessa vez no Sesc Pompeia, com uma nova formação: DJ Fuso, Mulambo e performers Ymoirá Micall e Trindade. Sob direção visual de Gabe Lima, DEUS EX MACHINA faz referência ao single de mesmo nome, lançado no ano passado, com participação da deputada federal Erika Hilton e Urias.
DEUS EX MACHINA norteia a narrativa de Jup ao navegar por suas músicas. O corpo, antes sem juízo, se reinventa com as faixas de in.corpo.ração (2024) - eleito o melhor EP na lista de melhores de 2024 -, mostrando que existem diversas possibilidades a partir dos subgêneros da música eletrônica brasileira, como techno, house e funk, tendo sempre o rap como base. Jup conduz o espetáculo que provoca, empolga e desafia.
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Diante de um público animado e entregue à dança, o show oscilou por diversos sentimentos, mostrando as emoções da cantora que transitaram entre a nostalgia, euforia e a alta libido. Dessa maneira, a audiência deu atenção aos próprios corpos que são transformados diariamente por momentos, necessidades e imposições. Jup revisita o passado, mas sem permitir que ele a limite: ela se despe do que já não lhe serve.
A presença de Ymoirá Micall e Trindade amplifica a potência do espetáculo. Seus corpos, em movimentos livres pelo palco, respondem visualmente à provocação da faixa "sinfonia do corpo (in.corpo.ração)". O auge da performances ficaram com "lave sua boca (suja) quando for falar de mim" e "O CORRE", faixas que incendiaram a plateia.
Em um momento do show, Jup interrompe o show para deixar claro: aquilo não era um simples show, mas um baile punk de favela. Em seguida, ela desce do palco e abre uma roda no público para cantar "Máscara", clássico de Pitty que resgata a energia dos anos 2000. Na sequência, engata um medley de outras faixas enquanto seus fãs sobem ao palco para dançar, celebrando coletivamente a catarse daquele momento, causado por Jup e Mulambo.
Mais do que um show, DEUS EX MACHINA é um rito de afirmação, resiliência e libertação — um espetáculo que ecoa no corpo por muito tempo.
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