É possível encontrar coisas e objetos tortos na sociedade - no entanto, eles continuam funcionando. Desse mesmo modo funciona o ser humano: em decorrência da instabilidade emocional e do capitalismo, o indivíduo acaba tornando-se torto. Através dessa ideia, João Pedro Hecht criou o Coisatorta para retratar os temas espinhosos da realidade, como a vida é.
O alter ego usa maquiagem, fazendo jus ao projeto Coisatorta. O seu som mistura violão, sintetizadores, percussão, contrabaixo e guitarras para dar o seu grito de liberdade. Em seu primeiro ep "Coisa Torta", o artista fala de suas vivências e crescimento, assim como festas, encontros, comemorações, dores, saudades e solidão. Enfim, são sentimentos verdadeiros que surgiram na adolescência e se afloram na vida adulta.
Leia também:
Composto por 6 músicas, o álbum busca superar antigos traumas através da arte. A canção "João Ninguém" é o melhor exemplo, já que ela aborda o processo de luta contra a depressão - além de trazer o seu nome e fazer uma crítica nas entrelinhas que a doença vai tirando muitas coisas do indivíduo. Já em "Bichos", Coisatorta traz uma letra poética, soando como uma música de ninar. A animação fica por conta de "Vai Ser Carnaval", que abre o ep.
"Tudo veio do íntimo do meu próprio quarto, desde reflexões sobre como somos frágeis a ponto de sucumbir ("Bichos") até uma conversa que tive com meu gato quando ele quebrou a pata ("Macalé"). Ao fazer a capa não consegui pensar em outra coisa a não ser retratar esse ambiente em que me encontro na maior parte do tempo, tendo o contraste entre a vida e a morte, o sim e o não, o antes e o depois como tema principal para essa estética", conta o músico. "Já vivi, já morri, renasci e aqui estou eu, nessa nova vida trazendo essa bagagem como poesia", finaliza.
Nunca é fácil encarar sua própria imagem, assim como os demônios que carregamos nas costas, mas com o passar do tempo é possível falar sobre, diminuindo as dores e aceitando-se do jeito que é.
Comments