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Foto do escritorMichele Costa

Cátia de França com participação de Juliana Linhares

A primeira vez que ouvi Cátia de França foi na infância, acompanhada de meu tio, um homem sensível que não vivia sem arte. Em seu aparelho de música tocava João Gilberto, Pixinguinha, boleros, samba e tango. Lembro que ao ver a capa de Avatar (1998) e perguntar quem era aquela moça; recebi como resposta: "Cátia, a mulher que sorri mesmo nos dias nublados" - e foi assim que me encantei por ela. Muitos anos se passaram desde esse evento, mas uma coisa não mudou: Cátia continua sorrindo. 


Inclusive, foi estampando um sorriso no rosto, que a cantora e compositora subiu ao palco no Sesc Bom Retiro. Aos 77 anos recém completados, Cátia de França segue com a mesma energia que começou - foi assim que alcançou os 51 anos de carreira. Assim como outros artistas, sua obra alcançou um público jovem que estava presente na apresentação de sábado, 24 de fevereiro. Dessa maneira, sabemos que a obra da artista viverá por muito tempo. 


Acompanhada de Coquinho (bateria), Wiliam Belle (guitarrista), Cristiano Oliveira (violão) e Daniel Cahon (baixo), Cátia revisitou o seu passado, colocando a plateia para dançar e se emocionar (impossível não segurar as lágrimas ao ouvir "Quem Vai Quem Vem" e "Kukukaya"). A chegada de Juliana Linhares acendeu uma bombinha. A artista apresentou duas canções de Nordeste Ficção (2021) e cantou com Cátia, também se emocionando. 


A necessidade de lutar pelo arroz e feijão - fala que continua sendo repetida pela artista desde o início de sua carreira - foi fincada no final do show. Em um discurso fervoroso, Cátia mostrou sua potência: defendeu comida, água, educação, arte, vacina e dignidade para todos; e depois sorriu. Foi aplaudida de pé. Disse que sua missão é fazer arte e que enquanto estiver viva, continuará neste caminho. Comunicou também que em breve sairá novo álbum. 


catia de frança

Enquanto ouvia Cátia cantar, fazer piadas, caretas e se definir como uma fã de rock, lembrei de um ensinamento do meu tio: é necessário cantar, dançar e fazer festa para lembrar que estamos vivos. E foi isso que Cátia de França fez: celebrou a sua e a nossa vida com amor e alegria. 

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