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  • Foto do escritorMichele Costa

A viagem de Arthur Melo pela música brasileira

Após um hiato de três anos, Arthur Melo retorna à música, acompanhado de Benito di Paula. Duas gerações, em tempos diferentes, se encontram para sofrer por um amor de carnaval. Em "Retalho de Cetim", de 1973, um sambista faz um samba para o seu amor, que promete dançar com ele, mas é abandonado antes do desfile. Cinquenta e um anos depois, o jovem artista mergulha neste mundo e une seu coração a Benito em "Na Avenida com Benito". 


A palavra avenida do single, lançado neste ano, diz muito sobre os próximos passos de Arthur: após três álbuns lançados - Nhanderuvuçu (2018), Metanoia (2019) e Adeus (2020) -, o cantor e compositor mineiro está pronto para retornar sua viagem que foi pausada por conta da pandemia. Para este ano, o músico irá lançar Mirantes Emocionais, seu quarto álbum que teve suas gravações iniciadas em meados de 2020, em Belo Horizonte. 


Arthur Melo começou a lançar músicas em 2017. Nestes sete anos de carreira, passou pelo folk, samba, MPB e o pop retrô dos anos 1980 - é isso que um músico que está na avenida faz: por estar acessível aos diversos gêneros musicais e pessoas, ele pega aquilo que se identifica para trilhar novos caminhos. 


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Você começou a compartilhar músicas em 2017. Sete anos se passaram desde o seu primeiro lançamento. Como você vê sua trajetória? 

Acho que evoluí bastante musicalmente desde do EP de 2017, explorei diversos estilos e propostas musicais e também sempre me permiti lançar e gravar quando tivesse oportunidade e vontade acho que por isso tive tantos discos ao longo desses anos por essa vontade de agarrar cada oportunidade de trabalhar em minha músicas e ideias. Cada disco tem sua proposta e abordagem, todos são muito diferentes um do outro mas ainda assim existe algo que faz todos eles se entrelaçam de alguma forma, seja no modo de compor ou na forma de abordar cada estilo musical de um jeito diferente em cada disco, mas cada um tem sua particularidade. Entendi também que mais do que um compositor ou canto de X gênero me entendi como compositor, cantor e produtor de música, senti muito forte isso recentemente e olhando pra trás vi  que minha missão sempre foi e vai ser de fazer música que inspire e toque o coração de outras pessoas, independente de gênero ou estilo, mas sempre buscando originalidade e uma identidade única e própria.


O seu último álbum foi lançado em 2020. Após alguns anos de hiato, você lançou dois singles. Como foi fazer essa pausa e retornar agora?

Com o Adeus lançado no meio da pandemia em 2020 veio essa necessidade de dar uma pausa em lançamentos autorais, o que tinha entendido que ia ser uma pausa de 1 ano virou uma pausa de 4 anos, mas nunca deixei de compor e trabalhar em músicas novas, mas veio esse entendimento de que trabalhar com mais calma em uma estética de um disco, em estudar melhor cada arranjo, entender melhor cada parte vocal, focar e realmente sentar e pensar cada letra e até na parte visual poderia ser bom para uma evolução musical, acho que foi muito um amadurecimento musical e de certa forma mercadológico também, espaçar cada disco e trabalhar com mais calma e tempo pode fazer bem para o trabalho. E com esse disco também surgiu muito essa vontade de trabalhar com O Ministério da Consciência que foi essa banda/coletivo de amigos que juntei para trabalharem comigo nas músicas e shows desse disco e isso de envolver mais pessoas demandaria tempo e calma, acho somando tudo isso encontro motivo e razão para dar esse hiato de 4 anos.

 

É possível ver o seu amadurecimento e crescimento em suas últimas canções. Hoje, você alcançou o lugar que imaginava? 

Creio que sempre estive no lugar que queria de uma certa forma, sempre compus as músicas e trabalhei elas da forma que me sentia melhor e sempre buscando aprender mais, entender melhor cada parte/arranjo de cada canção e os sentimentos que elas davam vazão, creio que sempre estive nesse lugar do desconforto confortável que é buscar aprender e evoluir musicalmente e ao mesmo tempo fazer isso enquanto lançava muitos discos, fazendo shows e tudo mais… Dessa vez isso veio de uma forma mais cuidadosa que transparece muito nesse disco novo. Então sim, acho que estou no lugar que imaginava de continuar buscando aprender, inspirar e emocionar através da música.



"Na Avenida com Benito" você passa pelas mesmas dores que Benito di Paula sofreu no passado. Como surgiu a ideia de misturar dois tempos diferentes para uni-los em um só coração? 

Eu sempre gostei muito desse disco do Benito di Paula, me marcou muito e essa música especificamente então sempre tive vontade ou de tocar ela ao vivo ou de alguma forma mencionar essa música em algum trabalho meu, assim um dia tocando o refrão dela vi que a harmonia levava até o verso de Benito e assim tive essa ideia de conectar as duas músicas pela letra, de criar esses personagem que fosse um amigo para o personagem de Benito. E musicalmente ela trás diversos elementos modernos de sintetizadores e outras coisas, mas a estrutura original e a forma de abordagem dela é um samba, a versão acústica e original de Na Avenida é um samba. Assim que acho que essa ideia de homenagear e honrar o passado criando ligações que façam sentido fica bem evidente nessa faixa.


Você passeia por diversos gêneros da música. Como está sendo celebrar a história musical do Brasil? 

Eu gosto muito da ideia de celebrar e respeitar todos os artistas brasileiros que passaram e passam pelos nossos ouvidos, mas também gosto muito de pensar isso musicalmente com um olhar moderno pra não repetir as mesmas formas de execução, que é algo que no momento e com esse disco não estou buscando, então é muito importante pra mim arriscar essa nova e moderna roupagem nessas músicas quem tem influência direta de música brasileira dos anos 70/80 com Djavan, Mêtro, Luiz Henrique, etc.


O seu futuro álbum teve as gravações iniciadas em 2020, em plena pandemia. Como foi iniciar um projeto no isolamento e lançá-lo em outro momento, quando a nossa liberdade voltou? 

Antes de ser um álbum ele foi apenas um exercício de registro de ideias, em meados de 2020, para não ficar criativamente parado durante o período de isolamento então levou um tempo até ele se tornar um disco, acho que só quando o Lucca Noacco, que produziu o disco comigo e também toca no Ministério da Consciência, entrou no processo que vi que realmente tinha um álbum em mãos e isso foi por volta do meio de 2021 então da pra ver que é um disco que foi lentamente produzido e acho que isso transparece muito no cuidado que tivemos com o som e em como o resultado final ficou. De uma certa maneiro eu achei que foi bom ter demorado pra lançar esse disco, de ele ter atravessado esse vários estágios e que esse tempo de produção mais prolongado, e forçado pela pandemia, foi bom pra trabalharmos mais atentamente nesse disco e o resultado acabou ficando melhor do que se tivesse feito no meu ritmo frenético de antes da pandemia, foram 4 anos trabalhando neste disco que valeram a pena cada momento.


O caminho de Arthur de Melo é longo, mas ao estar acompanhado de outros artistas, fica mais fácil trazer a tona a história musical do Brasil, para, no final, chegar à praia, como canta em "Agosto".

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