"Você se lembra de sua mãe?" - essa é a pergunta que João Marcello Bôscoli e Maria Rita, filhos de Elis Regina, sempre escutam. Diferente da irmã mais nova, João se lembra da mãe e colocou todas as suas lembranças no livro "Elis e Eu: 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe" (Planeta, 2019).
Querida pelo público, Elis era conhecida como intensa, agressiva e irônica - sempre carregando um sorrisinho de canto no rosto. Longe dos palcos, a cantora tinha quase uma vida normal: realizava suas tarefas de casa, criava os filhos e administrava sua carreira. No livro de João, conhecemos uma Elis sob a ótica da criança que conviveu poucos anos com a mulher que revolucionou a música brasileira.
No início do livro, o filho lembra do principal legado da cantora: "Elis Regina é a parte pública da minha mãe, uma de suas faces. Embora suas entrevistas e canções iluminem muitas coisas, o olhar de uma criança, de um filho, durante onze anos, pode revelar outros contornos da mulher que me deu a vida, daquela que é o amor da minha vida. E o amor, aprendi com ela, é a única força realmente transformadora".
Em outro trecho, ele relata uma Elis vulnerável, desconhecida pelo público: "Lembrei-me da imagem dela, no ano anterior, tirando um roupão, ficando nua para uma amiga e perguntando: "Eu sou uma merda?" Algo detonara sua autoestima. Ciúme, insegurança, traições, carência. Nada que parecesse ter relação com tudo representado por Elis Regina", escreve. A obra também traz o olhar de um menino quando soube que sua mãe morreu.
Com prefácio de Rita Lee, "Elis e Eu" é uma oportunidade de conhecer as versões da Pimentinha e continuar celebrando suas músicas, a obra-prima que deixou por aqui. Impactante e triste, o livro também é recheado de amor, de um filho para sua mãe.
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