Para sobreviver ao isolamento social, genocídios, inflação e falta de um governo, muitas pessoas recorreram aos streamings para assistir filmes, séries, curta ou documentários. Segundo o estudo elaborado pela Conviva , plataforma de monitoramento de streaming, a audiência cresceu 20% desde o início da pandemia. Netflix, Amazon Prime e GloboPlay são algumas plataformas que ganharam novos consumidores. Por aqui não foi diferente. Além do streaming, teve Youtube que conta com diversos filmes e documentários sensacionais. Após muitos filmes assistidos, lançados ou não este ano , novos ou antigos, separei um top 10 com os preferidos deste ano . Confira: Fico Te Devendo Uma Carta Sobre o Brasil (Carol Benjamin, Brasil, 2020) Lançado este ano e disponível na GloboPlay, "Fico Te Devendo Uma Carta Sobre o Brasil" é mais um documentário sobre a ditadura civil militar que precisa ser visto, revisto e comentado, ainda mais quando o passado está tão presente nos dias de hoje. Carol Benjamin, a diretora, mergulha na história familiar, onde seu pai e tio foram torturados e presos por alguns anos; enquanto sua avó lutava pela soltura de ambos, buscando ajuda na Anistia Internacional. Além disso, o longa investiga o silêncio como forma de apagar a memória, questionando, também, os próximos anos. Cinco Graças (Deniz Gamze Ergüven, Turquia - França, 2015) Já na sinopse, o leitor compreende que é um filme pesado, onde o machismo e a cultura turca dominam o futuro de meninas pequenas. O filme acompanha a vida de cinco irmãs que são punidas após brincarem com os meninos em uma praia, ato considerado escandaloso pela religião muçulmana. Como consequência, as meninas são mantidas presas em casa, enquanto aprendem "tarefas de mulheres", ou seja, cozinhar, costurar e limpar a casa, a família busca casamentos arranjados. Através das Oliveiras (Abbas Kiarostami, Irã - França, 1994) Kiarostami nunca errou ao fazer um filme. Último filme da Trilogia Koker, "Através das Oliveiras" é um filme dentro de outro filme: uma equipe de cinema chega a uma cidade no norte do Irã para realizar um filme. Hossein é contratado para ser o protagonista, enquanto Tahere, uma jovem por quem ele está apaixonado, contracena com ele. Após alguns minutos, o telespectador descobre que a família dela tinha recusado o pedido de casamento que fez, mostrando o amor platônico que Hossein sente por Tahere. No fim, é sobre pessoas, sentimentos e belezas. Imperdível! [ disponível no Youtube ] Coração de Cachorro (Laurie Anderson, Estados Unidos, 2015) Disponível no CineSesc, "Coração de Cachorro" é centrado na cachorra Lolabelle, que faleceu em 2011. Para se despedir dela, Laurie documenta sua vida, além de combinar lembranças da infância, diários, reflexões sobre dados, cultura de vigilância, a visão budista sobre a morte e tributos a artistas. O filme começa com sua cachorra, mas fala sobre todos os humanos, examinando como as histórias são construídas e contadas para dar sentido às nossas vidas. Temporada (André Novais Oliveira, Brasil, 2018) Ao escolher a atriz Grace Passô como personagem principal, já sabemos que o filme será um sucesso - e "Temporada" é muito mais do que isso! Grace é Juliana que está se mudando para a periferia de Contagem para trabalhar no combate a endemias na região. No novo trabalho, ela conhece pessoas e vive situações que começam a mudar sua vida, ao mesmo tempo que encontra dificuldade para continuar o casamento e pagar o aluguel. Parece simples, certo? No entanto, o filme é muito mais do que isso (repetição da frase necessária): o diretor André nos mostra que a vida pode ser bonita, mesmo com os problemas que surgem na vida. E no meio de todo caos e beleza, é possível reescrever a própria história. O Enigma de Kaspar Hauser (Werner Herzog, Alemanha, 1974) Um daqueles filmes que choca do início ao fim. Herzog traz ao telespectador a história de um garoto que é criado em um portão, sem nenhum contato humano, até completar 18 anos, quando é levado para a cidade. Lá, ele se torna um objeto de curiosidade e desprezo da população local - mas não de todos, já que é adotado por uma família. No entanto, verificamos como a falta da socialização primária, ou seja, a compreensão de normas, valores, linguagem e regras básicas que são ensinadas pela família, impacta a vida de um indivíduo que ficou sozinho por dezoito anos. Os 8 Magníficos (Domingos Oliveira, Brasil, 2017) Antes de falecer, Domingos Oliveira deixou algumas obras para o fim, fechando seu ciclo com chave de ouro. Seu primeiro documentário "Os 8 Magníficos" chegou só agora ao cinema e discute sobre o significado da arte e do ator, ao lado de oito atores (“os melhores da geração”, de acordo com Domingos). Mesmo sem uma resposta concreta, nós sabemos muito bem o significado: são eles que salvam os humanos do desespero da existência. AmarELO: É Tudo Pra Ontem (Fred Ouro Preto, Brasil, 2020) O documentário vai além do show de Emicida que aconteceu no Theatro Municipal no ano passado. "AmarELO" traz a trajetória do rapper, os bastidores do álbum e os cem anos da cultura negra brasileira. Uma aula e tanto! Canastra Suja (Caio Sóh, Brasil, 2016) Ao juntar Adriana Esteves e Marco Ricca em um filme, nada pode dar errado. Em "Canastra Suja" conhecemos uma família complicada, onde o patriarca oprime sua esposa e filhos. Além de utilizar caminhos sórdidos para sustentar a casa, que são desaprovados pelos demais integrantes. Em meio de dores, caos e dívidas, o filme discute os mistérios da bondade humana para sobrevivência. A Mulher da Própria Luz (Sinai Sganzerla, Brasil, 2019) Helena Ignez foi uma das principais personalidades femininas do cinema brasileiro, mas foi esquecida - os homens de sua geração ganharam espaço, deixando-a de fora. Helena inaugurou um novo estilo de interpretação (que pode ser visto em "A Mulher de Todos" e "Família do Barulho") e atualmente dirige produções independentes. O documentário é narrado pela própria Helena, que descreve sua trajetória de atriz a cineasta. Leia também: Marina Person e Gustavo Moura: a necessidade de falar sobre filmes Documentar Raphael Erichsen: aprendizados sobre a sétima arte Brunner: o artista incendiário Os melhores curtas de 2020 República (Grace Passô, Brasil, 2020) No meio do isolamento, Grace Passô encontrou um meio para transformar sua angústia em arte. Realizado dentro de sua casa, "República" conta a história de uma mulher que recebe o aviso de que o Brasil não existe, que é apenas o sonho de alguém - e quando esta pessoa acordar, tudo vai acabar. Pandelivery: Quantas Vidas Vale o Frete Grátis? (Guimel Salgado e Antônio Matos, Brasil, 2020) Filmado no meio da pandemia, o curta aborda a realidade e desafios de entregadores de aplicativos durante o início da covid-19 em São Paulo. Aqui, assistimos a realidade cruel dos trabalhadores que se arriscam diariamente para colocar comida na mesa. Reflexão necessária para os dias de hoje! O documentário está disponível no canal do Documentar . Beat é Protesto!: O Funk Pela Ótica Feminina (Mayara Efe, Brasil, 2018) Se o lugar da mulher é no lugar que ela quiser, por que ainda existe machismo e preconceito ao escolher o funk?! O documentário de Mayara Efe retrata a cena underground das mulheres no funk de protesto da última década de São Paulo.