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Durante a pandemia de Covid-19 tivemos que nos reinventar para sobreviver. Enquanto algumas pessoas descobriram novos interesses, outras se conectaram com antigas paixões. Presa em casa, Luiza Pereira - que ganhou notoriedade no cenário indie brasileiro tocando synth e cantando na banda INKY - aprendeu a tocar guitarra e reencontrou na música o refúgio necessário para expressar os sentimentos vividos em anos sombrios. A partir deste processo surgiu MADRE e Vazio Obsceno  (Seloki Records), acompanhado de um manifesto anti-digital.  A catarse sonora de MADRE se inicia na capa: Vazio Obsceno  traz a tradução visual dos elementos presentes na música, transformados em uma imagem única. A textura soa como ruídos ou reverberações que buscam romper o obsceno silêncio do espaço.  A guitarra é o fio condutor do álbum explosivo que oscila entre vida e morte. Inclusive, o disco é o resultado de uma amálgama de angústia, desejo, ruído, devaneios e catarse sonora; "um buraco para fugir do vazio", como define a cantora. Dessa maneira, MADRE expõe sua vulnerabilidade sem medo, mostrando aos homens e a indústria da música que é possível fazer arte com uma linguagem questionadora, punk e potente.  Leia também:  O plural de Abril Belga Impressões: Amelia Fernanda Young, Foge-me ao Controle Luísa, como está sendo voltar à música?  Olha, foi tudo muito supetão, né? Eu não tinha planos de voltar. Jura?  Juro! Eu meio que achei que eu tinha me aposentado mesmo, não era brincadeira. Aí veio a pandemia, tava lá sozinha em casa, moro sozinha, resolvi comprar uma guitarra de presente de aniversário pra mim mesma. E aí eu fiz esse disco, sem saber que era um disco também, né? Aí encontrei o Lucas [Villela, produtor do disco] , que produziu comigo e tocava comigo na INKY, e aí ele tava se mudando pra Berlim e falou: "e aí, o que você tem feito? Você tá fazendo música?" Aí eu contei que eu tinha comprado a guitarra, que eu tava compondo umas coisas e ele falou: "vamos gravar antes de eu ir embora" e a gente fez meio que no susto, assim, eu tinha umas doze músicas que a gente deu uma pré-selecionada do que a gente achou que fazia sentido... Então, foi muito experimental, assim, eu fui fazendo e aprendendo conforme eu fui fazendo…. Gravei esse disco, eu não tinha nenhum pedal, assim, era... Eu falo que eu tinha uma SX e um sonho, porque foi completamente sem intenção de fazer. E aí é isso, agora eu tô lançando pras pessoas poderem ouvir essa doideira.  Como foi esse encontro com a guitarra e o que ela representa agora pra você? Porque você disse que ia se aposentar, achei muito curioso…  Eu acho que minha relação na música ficou complicada por vários motivos e aí eu entendi que não era com a música, era com as pessoas, né? Porque é muito difícil, o elemento humano de relacionamento é muito difícil e há oito ou dez anos atrás, o mercado da música era muito diferente, então tive más experiências. E a guitarra, eu acho que eu sempre gostei de ouvir músicas baseadas em guitarra - eu amo a PJ Harvey, por exemplo, amo! Sou muito fã, desde sempre. Rid of Me  (1993) é um dos discos que eu mais ouvi na minha vida, eu sou apaixonada! Eu tenho muitas referências femininas de guitarra… E aí eu acho que eu sempre quis tocar também, mas ficava aquela coisa, pô, não sei tocar. Mesmo na INKY, teve uma época que eu queria compor na guitarra e, tipo, fui meio que vetada porque "Ah, não é o seu instrumento, né? Tem o Ste que toca pra caralho, pra que você vai fazer isso?" O tempo foi passando e um dia eu só resolvi comprar a guitarra e agora eu tô aí fazendo show, tocando guitarra e experimentando como é compor e tocar um instrumento novo. E tem sido muito legal.  Você acha que se não fosse pela pandemia, você não teria feito todo esse caminho?  Talvez não. Acho que foi assim uma... Foi um timing muito bom das coisas, sabe? Porque é um tempo... Você tinha um ócio ali obrigatório, né? Então eu tinha muita coisa pra expressar também, de alguma forma. E então foi um momento perfeito, pra eu começar a tocar um instrumento novo e também abraçar essa ideia de voltar pra música fazendo uma coisa que eu não sei fazer, eu nunca soube fazer, porque eu acho que isso é parte do que eu descobri que eu queria com esse disco também, que é resgatar uma coisa muito humana e imperfeita na música, sabe? De vulnerabilidade, de não querer fazer música de uma forma vaidosa, sabe? Pra mostrar minhas habilidades, pra alimentar meu ego dessa forma. Então foi um desafio pra mim também voltar. Fiz meu primeiro show depois de seis anos sem subir num palco, tocando um instrumento que eu nunca tinha tocado ao vivo, então, foi um experimento também nesse sentido.  E vulnerabilidade realmente tá muito presente no teu disco, eu queria saber como está sendo revisitar essas músicas que foram feitas durante a pandemia.  Eu fiz todas essas músicas em 2021, 2022, então é um recorte. Geralmente as pessoas falam que o primeiro disco solo é um disco da vida inteira, né? E até isso eu acabei fazendo de uma forma diferente, que é realmente um recorte muito específico, de uma época específica, coletiva e pessoal, do que era eu descobrindo um instrumento pela primeira vez. Então foi esse recorte bem específico e é interessante revisitar as músicas, mas de alguma forma eu acho que elas ainda fazem sentido, assim, né? Eu acho que falar desses sentimentos, da angústia, da desesperança, de não ver um futuro, falar sobre desejo, falar sobre várias coisas que a gente sente o tempo todo, né? Então acho que o mundo tá tão apocalíptico também, que eu não sei se a gente saiu desse estado de espírito já. Exatamente! Você acha que algum sentimento que você sentiu no passado ainda está presente em você nos dias de hoje?  Ah, eu acho que sim, eu acho que sim. "CAOS", por exemplo, um dos singles que eu lancei, é uma música que eu basicamente fiz uma marcha fúnebre e resolvi falar sobre isso, né? Sobre a morte de várias formas. E vira e mexe eu ainda me deparo com esses sentimentos, assim, de olhar pro mundo e falar: "nossa, não sei pra onde a gente vai, mas eu não vejo muita esperança." Dá uma certa angústia existencial, assim, de ver o mundo que é isso, né? É caos climático, é guerra, é extrema-direita, é tudo junto. Então eu acho que é um momento coletivo que, de alguma forma, a gente ainda tá também até nesse luto, né, acho que é um luto do futuro que ninguém sabe como vai ser. "Eu pensei: "deixa eu ver o que eu posso fazer com um instrumento que eu não sei tocar" pra mostrar que isso não é tão a sério. A galera tá se levando a sério demais, isso aqui é rock, entendeu? O espírito é não se levar a sério. Eu não me acho alguma coisa extraordinária porque eu pego esse instrumento que eu sei tocar, compor e fazer algum barulho com ele. Isso me moveu também. Sempre achei curiosa essa arrogância masculina [em relação ao instrumento] . Eu vou continuar sendo assim porque eu sou assim."  Inclusive, em "CAOS", você diz que precisa sentir. Hoje em dia, o que você sente além de coisas negativas? É possível sentir algo positivo no meio do fim do mundo?  Ah, com certeza! Eu acho que, pra mim, o pior estado é a apatia, em qualquer época da minha vida, eu acho que essa é a emoção que mais me incomoda, essa falta de qualquer coisa, né. Então eu acho que eu sinto tudo, eu sinto muito o tempo todo. E é bom que eu tenha a música, inclusive, resgatei minha relação com a música, percebendo o quanto ela era importante pra mim nesse sentido, né? Tipo, toco e faço música desde criança, então, a pandemia também veio pra eu lembrar qual era a função da música pra mim. Então eu acho que sim, dá pra sentir muitas coisas positivas, né? Tudo é transitório, a gente sente tudo o tempo inteiro. E isso foi até uma coisa que eu quis no disco… No primeiro momento, eu achava estranho ele ser tão diferente, assim, nas músicas, né, ele passeia por muitas coisas, muitas linguagens, mas eu também pensava que a experiência humana é tão diversa, a gente sente tantas coisas diferentes, né, e tão ambíguas também… Então a gente pode falar sobre todas essas coisas, e sentir todas essas coisas, e transitar por todos esses caminhos sem achar que é uma coisa só, sabe? Sem ter que escolher um tema, uma forma de fazer, porque eu acho que isso... Eu nem sei se é assim… É muito... Acho que é bem complexo, minha gama de emoções e sentimentos. Ainda bem! Todos esses sentimentos ganham uma potência com a guitarra, porque dá pra você sentir muito o que você tava sentindo, porque era um sentimento de muitas pessoas, né? Sim. É, eu acho que isso... Eu até quis deixar a produção do disco muito crua, de tentar manter esse formato power trio e deixar a guitarra ser um fio condutor, porque acho que uma das coisas boas de você tocar num instrumento que você não tocava antes é tocar de forma muito instintiva, e acho que isso acaba traduzindo bem, assim, eu espero, né, pelo menos que você tenha alguma... Que você consiga sentir pela guitarra alguma coisa. Também dá pra sentir muito em "SIRENES", porque assim como você, eu lembro muito das ambulâncias, naquele tempo passando e tal. E aí eu queria saber se esse barulho ainda ecoa na sua casa ou dentro de você.  Olha, eu acho que isso é uma coisa que ainda bem que a pandemia levou embora, mas foi uma coisa que me marcou muito ver, ouvir a quantidade absurda de sirenes que passavam aqui, que eu nunca mais ouvi nada igual, durante muito tempo, e ver as luzes vermelhas que entravam na minha casa, então eu acabei usando isso até como uma linguagem visual no disco, tem muito esse vermelho chapado, assim, esse vermelho que veio muito daí, né? Eu até falo na letra de "SIRENES" sobre isso também. Então foi uma coisa que realmente me marcou, me marcou muito nessa época. "Eu acho que a gente entrou tanto no modo sobrevivência que às vezes a gente não pára para pensar que [a pandemia] foi um trauma coletivo naquela época. Então, acho bom também a gente poder falar sobre, expurgar isso de alguma forma e não deixar só passar como se fosse "nossa, passou", sabe? A gente foi muito afetado por isso, de alguma forma." Mais cedo, você falou sobre apatia, sentimento que em um determinado momento, principalmente na pandemia, todo mundo também passou. Ele está presente em "FANTASMA", né? Hoje em dia, você está de que lado? No lado sede de vida, mais para lá ou meio a meio?  Eu estou no lado sede de vida. Eu estou vivendo bem essa fase de lançar o disco, voltar a tocar. Minha libido está investida em muitas coisas! Então, eu acho que agora eu estou mais do lado de cá mesmo. Mas "FANTASMA" é uma música que eu escrevi bem nesse espírito de apatia, de sentir que eu tinha virado um fantasma de mim mesma. E aí eu até falo que eu comecei a escrever ela fazendo uma brincadeira, porque às vezes a gente fala "tem que chamar alguém para me exorcizar." E eu queria que chamassem alguém para me invocar de novo, né? Invocar minha alma de volta para o meu corpo. Uma dessas coisas, a gama de emoções que eu senti nesse período. Mesmo que tenha sido um recorte durante a pandemia, Vazio Obscuro  não é um álbum só sobre pandemia: é um álbum que traz todas as sensações e sentimentos, mas que pulsa uma vida, uma sede de viver tão gigantesca que ecoa para outros lados. Então, para você, como foi misturar esses dois lados, morte e vida, durante a pandemia, e o momento atual? Você consegue fazer uma análise desses dois tempos, como estava sendo antes e agora?  Eu acho que uma das coisas que eu mais busco como artista e como pessoa é abraçar essa ambiguidade humana, né? Que a gente sente as coisas, muitas vezes, opostas ao mesmo tempo - essa pulsão de vida e de morte ao mesmo tempo. É você estar com sede de viver, com tesão e completamente desesperançosa ao mesmo tempo. Então, eu acho que eu vivo bem com essas ambiguidades, sabe? São horas que eu estou expressando mais uma coisa do que outra, mas eu acho que está tudo sempre junto ali, né, não tem como separar as duas coisas. Eu consigo estar com essa sede de viver, de fazer as coisas, de lançar esse disco, de fazer show e etc e, ao mesmo tempo, continuo desesperançosa com um monte de coisa, continuo achando que o futuro é mais sombrio do que nunca, mas, para mim, as duas coisas caminham nessa ambiguidade, sempre juntas. Existem pessoas que não conseguem lidar com essa ambiguidade. O ser humano é complexo, como você disse anteriormente. Mas você acha que o ouvinte, ao te ouvir, consegue enxergar que existe um meio que pode auxiliá-lo para sentir o que ele quiser sentir? Como se fosse uma terapia em grupo gigantesca.  Eu penso muito nesse disco. Pra mim, a música sempre foi um lugar para quem se sente deslocado e inadequado, sempre. Eu acho que a música, para as pessoas, tem muitos significados, mas, para mim, ela é esse lugar que é... Aqui tem uma casa para todo mundo que se sente um pouco esquisito, sabe? Pelo jeito que se veste, pelos interesses, por quem gosta, como gosta. Eu quero que meu disco seja ainda esse lugar e que seja uma companhia. Não tenho muita intenção de... Não tenho muita ambição com relação a afetar as pessoas de uma forma ou de outra, a não ser essa, sabe? Que seja uma companhia para tudo. Para você lavar uma louça, andar de metrô... E que seja um lugar para eu continuar. Para mim, esse é o legado que eu quero continuar na música, sabe? Então, manter um pouco dessa sujeira, dessa loucurinha, da estranheza, para que essas pessoas também sintam que o meu disco é um... Elas são bem-vindas ali, é um amigo.  O manifesto anti-digital de MADRE Ao retratar seus sentimentos, MADRE também aborda sua insatisfação com as plataformas de streaming de música. No ano passado, o Spotify anunciou que a remuneração dos artistas acontecerá por músicas que tenham mais de mil streams anuais. Dessa maneira, Vazio Obsceno ficará disponível nas plataformas por apenas seis meses. Depois deste período, poderá ser ouvido em versão física. Ao fazer isso, a artista promove uma relação material e sensorial do ouvinte com o disco, experimentando outros caminhos. Uma das suas frustrações também, que é muito nítido de se perceber, é justamente com as plataformas de música, né? Eu queria que você falasse um pouquinho mais desse anti manifesto que é tão necessário e também tão corajoso da sua parte. Eu acho que a gente tá vivendo uma época muito problemática com relação ao streaming, né? Eu quis usar o meu lançamento pra também fazer uma crítica a isso, né, porque a gente está aceitando esse nível de exploração e precarização do nosso trabalho como artista. E, principalmente, sendo mulher, eu penso muito nisso, né? Então, pra mim, não faz sentido eu investir o meu lançamento no digital e pautar todo o meu lançamento nisso, sendo que isso não tem nenhum retorno e eu estou alimentando uma coisa que, para mim, não faz muito sentido. Isso é uma coisa meio geral, mas eu acho que todo mundo está muito acovardado, né? É óbvio que todo mundo é sempre uma generalização, mas... Eu tenho visto artistas muito acovardados e, às vezes, eu olho e falo: "E aí, galera, vocês não são roqueiros? Cadê?" Vamos usar isso para a gente poder criticar o funcionamento das coisas, né? Eu acho que ninguém está contente e... Eu não tenho intenção de mudar a cultura de consumo de música, eu não acho que eu vou propor alguma mudança, mas, pelo menos, quero começar essa conversa e poder fazer uma crítica com o meu lançamento, né, e incentivar as pessoas a também resgatarem um lugar na música de comunidade, de experiência fora do digital, de relação com o disco que seja mais sensorial, sabe? De realmente tocar nesse disco, tipo... Passar a mão, cheirar, olhar o encarte, o zine, ler as letras… Curtir esse universo, porque eu também acho que o digital, frente a tudo, fica muito descartável. E aí você investe dinheiro, tempo, você passa... Fazer um disco dá muito trabalho, só quem fez sabe quantas etapas, quanta coisa, quanta gente trabalhando, pra daí virar uma coisa que é tipo... Ah, você vai lançar e uma semana esse disco vai morrer, entendeu? Também é uma forma minha, assim, de eternizar esse disco de uma outra forma, né? Que não vai ser no digital, e poder proporcionar isso... Fazer todo um trabalho gráfico para que eu possa entregar pras pessoas que gostarem desse disco, pra terem esse disco de uma forma mais eterna. E quais são as suas expectativas para sua própria comunidade? Porque é isso, ao lançar também o produto na mão, que realmente faz muita falta, você também cria ali uma legião, né? Como você lida com isso, ainda mais no pós-pandemia? Porque eu não sei ao certo se nós voltamos ao normal com nossas relações humanas. Olha, eu acho essa parte mais legal de fazer música. Eu prefiro ter, assim, uma comunidade de 50 pessoas que realmente existem, do que números que eu nem sei quem são, entendeu? Eu gosto de ver que no meu show... O meu show é um público, assim, muito diverso, sabe? É isso! É, tipo, olhar... Aqui, a gente tá se encontrando, sabe? As pessoas têm essa mesma visão da música, assim, né? De ser esse lugar seguro. E também de ser... Acho que são pessoas que gostam muito de música, né? Que têm a música muito como um estilo de vida, assim, também, né? Pessoas que consomem muito, que vão em show, que gostam de música. Pessoas que me acompanham desde a época da INKY. Que isso também é incrível de ver. Quantos anos de relação não tem ali já, né? Mesmo que seja através do show, através da música. Então, essa é a parte que eu fico mais ansiosa, de ver esse disco e encontrar as pessoas de verdade, sabe? De poder ter essa troca. Acho que essa é a coisa mais legal. "Eu gostaria que nós, artistas, também, a gente tivesse uma postura de buscar outros caminhos, né? Até na relação com os fãs. Na relação com a nossa própria carreira, de não resumir só números. Números compráveis, vamos falar aqui, porque acho que as pessoas esquecem o quanto esses números são pouco reais também, né? É muito fácil você comprar play em streaming, play em não sei onde, número de seguidor. Então, eu espero que seja uma mudança, porque eu acho que, no fundo, está todo mundo querendo essa mudança, mas com medo de escolher outro caminho e fracassar. Sendo que a gente já está fracassando nesse, né? Eu vivi a época que não tinha o digital ainda, então eu ainda tenho um pouco essa lembrança do que era, mas tem pessoas que não têm ideia do que era a vida antes disso, né? O que era consumir música antes disso, ir na loja comprar CD, pedir para alguém trazer CD de fora, sabe?" Após nascer, morrer e voltar à vida, MADRE nos mostra que existem águas dentro dela, movendo-a para outros lugares. O seu movimento é só início, porque ela não vai parar.

O vazio obsceno de MADRE
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