O olhar misterioso atrai quem a olha. Aliás, os olhos se transformam em uma linguagem artística. Misturado com poesia, literatura, teatro, cinema e sintetizadores, Ste a Viva se expressa (e apresenta) ao mundo. O nome artístico que foi escolhido é interessante, pois existem duas interpretações: a artista está viva e mostra isso ao compartilhar sua arte ou Ste ressurge do mundo dos mortos (compreensível, afinal, quem não morreu um pouco nesses últimos quatro anos?) para dançar e gritar. Nascida em Belém do Pará, Stephanny Lima deu início a sua carreira de multiartista aos 19 anos. A cantora chamou a atenção no meio alternativo por suas canções e experimentações com o grupo "loops aleatórios". Seu projeto surgiu após as oficinas de Benke Ferraz, guitarrista do Boogarins, no festival Coquetel Molotov, que consistia na produção musical caseira durante o isolamento social. Em junho deste ano, Ste lançou " O Afeto Desarma ", seu primeiro single. Abordando suas ancestralidades, a cantora revive suas memórias para iniciar uma discussão com diversas personalidades (impossível não relembrar o filme "Três Faces de Eva", de Nunnally Johson) que buscam um caminho que a(s) leva(m) para uma saída. Ste está realmente viva - " Estive adormecida / O afeto desarma quando vem da pessoa querida ". Após três meses, em novembro, a compositora compartilhou sua segunda música, " Prece (Iana) ", que segue no estilo experimental e sensorial. Com baixo e ruídos sonoros, Ste a Viva transforma suas ideias e necessidades em uma súplica, relembrando que escrever - " Escreva, escreva, escreva / Algo que queime mais que o sol " - lhe traz liberdade (e é com ela que se vive). Ste está viva e seguirá fazendo arte para os vivos e os mortos.