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Um ano de Desalinho

Tudo começou na adolescência. Aquele período conturbado, que ninguém te avisa que é normal sentir tantas coisas, enquanto você procura uma saída para continuar vivo… Então, os anos se passaram e, agora, estamos aqui, comemorando um ano de Desalinho - um site que saiu do papel no meio da pandemia. Há muito para dizer, mas as palavras fogem. Há tanto para agradecer e continuar a caminhada, mas as palavras continuam sumindo.


A ideia de fazer um site cultural surgiu em abril de 2020, enquanto a pandemia avançava, matando e contaminando pessoas, deixando-nos preocupados sobre um vírus desconhecido. Perceba que foi o início - não imaginávamos que pioraria muito nos próximos meses… A ideia só virou este site após eu receber a benção de amigos próximos (é claro que eu tive que fazer uma pesquisa) - "Até que enfim você vai fazer isso, demorou muito!". Então, estamos aqui, comemorando um ano de desalinhamento que tem o objetivo de apresentar novos artistas, enaltecer a arte e ser resistência no país que nos mata um pouco diariamente.


"Por que você gosta tanto de arte?", já me perguntaram. A minha resposta é clichê, mas verdadeira: "Porque a arte salva".


Voltemos a adolescência, aquele período conturbado: enquanto eu tentava compreender o que estava acontecendo em minha volta e o que seria do meu futuro, além de todos os sentimentos que foram repreendidos durante muito tempo, a arte me salvou. Começou na literatura, depois na música, aí chegou o cinema e, quando percebi, a arte comandava a minha vida. Não reclamo - longe disso! Agradeço e continuo seguindo, porque a arte salva. Se fez sentido naquele tempo, talvez faça sentido agora. Seguimos sendo resistência.


(ideia inicial)


Em um ano, conheci pessoas maravilhosas, saí da bolha, consegui falar com artistas que admiro, conheci outros e imagino que todas as palavras que estão no Desalinho fizeram algum sentido para alguém. Eu realmente não me importo com números, métricas e todos esses assuntos, pois o Desalinho existe para continuar a caminhada que é dolorosa e engraçada (a vida como ela é) e compartilhar a arte de diversos artistas é a missão deste site. Se um artista topa falar comigo e outras pessoas se identificam com aquilo que foi escrito, eu já fico feliz. O Desalinho não é meu, e nem quero que seja apenas um site de uma pessoa, ele é plural: é de todos. Juntos, vamos moldando esse espaço artístico.


Nunca pensei que falaria por horas no telefone com Paula Gaitán sobre "Ostinado", seu filme que retrata o processo de criação de Arrigo Barnabé, e que no final, eu choraria como uma criança, porque ainda existe esperança - Paula acredita que o futuro será marcado por uma geração jovem politizada e me disse para não perder as esperanças, porque "a vida é bonita". Troquei e-mails com Priscilla Rozenbaum e Renata Paschoal, duas mulheres que lançaram o belíssimo "Os 8 Magníficos", de Domingos Oliveira, dando continuidade ao cinema do diretor boêmio. Falei sobre cinema com Marina Person e Gustavo Moura, um casal que sou fã e que torço por um novo filme e conheci o trabalho de Raphael Erichsen, um cineasta que já participou de projetos "loucos", e que hoje compartilha e ensina sobre a sétima arte.


A primeira entrevista foi com Mariana Godoy, minha amiga escritora que lançou livros sensíveis que relembram suas vivências com a família, me fazendo dar novas chances à poesia. Ainda nesse gênero, conversei com Edith Elek, uma escritora que me fez relembrar vivências antigas que tinha esquecido. O ponto alto do início deste site foi trocar algumas palavras em inglês com Holly George-Warren, escritora de grandes biografias. Entretanto, a poesia sempre retornou por aqui, porque ela nos faz viajar para outros mundos, como foi o caso de Pedro Cassel. Até de terror de suspense e terror teve por aqui: Larissa Brasil e Jorge Alexandre Moreira me deixaram assustada e encantada por esse gênero literário. Me emocionei ao trocar e-mails com Mariana Ferreira e Gabriel Sânpera e conhecer o trabalho deles, duas pessoas jovens, me fez relembrar o que Paula me disse há meses atrás: "Não perca as esperanças". E os pais Mayra e Leandro que lançaram um livro infantil sobre a Semana da Arte Moderna, me fizeram enxergar que a cultura continua resistindo.


Confesso que não foi fácil mandar solicitações de entrevistas para China, Marcelo Cabral e Morris, porque são artistas que gosto muito - e o lado fã fala mais alto. Aliás, devo dizer que fiquei incrédula quando eles aceitaram falar comigo. Também tive a honra de falar com artistas já conhecidos e renomados, como foi o caso de David Dafré, CACAU, Marcela Brandão, Marcelo Segreto e Helio Flanders.


Nas áreas artísticas, troquei e-mails, telefones e diversos áudios com Brunner, Nicole Fahel, Ana Lee, Raphael Masi, Marília Marz e Bruno Nakamura. A cena musical de Alagoas está repleta de artistas maravilhosos: LoreB, Filipe Mariz e Yo Soy Toño são alguns exemplos. Espalhados pelo Brasil também temos: Mish, Lili Araújo, Pedro Redó, O Cientista Perdido, Luri, Thays Prado, Flavia K, Matheus Noronha, Juliana Linhares, AIUKÁ, Gui Flor, ZANZAR, Rodrigo Eugênio e Andrezza Santos.


Entrevistas, impressões, dicas, indicações e tudo que a arte pode proporcionar, estará no Desalinho, porque a arte não segue uma linha correta, ela é desalinhada, sem padrões e continua salvando - principalmente durante esses últimos anos com um governo genocida/fascista/militar/corrupta no poder.


Não é fácil fazer dar voz a cultura, sabemos disso, mas enquanto existir um sentido dentro de nós e uma vontade de gritar até perder a voz, nós continuamos com essa desordem deliciosa que é a arte.


Talvez eu tenha dado voltas demais, desalinhado demais esse texto, mas o que quero dizer é que o Desalinho vai muito além de Michele, essa pessoa que se apresenta para conversar com os artistas, mas vai muito além. Desalinho não precisa de um gênero, um nome ou uma idade: ele é muito mais. Existem diversas personas, áureas e mais - sempre muito mais. Por isso, este site não é apenas de Michele, mas de todos. Seguimos juntos, camaradas.


Um agradecimento especial aos amigos que me ouviram e deram a benção para que o Desalinho existisse e ao Gustavo Geraldo e Matheus Magalhães que escreveram para cá textos lindos. Agradeço de coração aos assessores e artistas que tiraram um tempinho de suas vidas para falarem comigo e aos leitores que estão aqui e na newsletter semanal. Como é bom conhecer novas pessoas e aprender com elas. Obrigada, do fundo do meu coração e alma. Seguimos desalinhando.


Com amor,

desalinhada M.


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