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  • Foto do escritorMichele Costa

A união de Marcelo Segreto e Celeste Moreau

A amizade entre duas pessoas é igual a um vinil: o lado A e B se completam, criando uma narrativa que se entrelaçam com as características de cada um. Nesse sentido, a interpretação de relações - amorosas ou não - de Marcelo Segreto e Celeste Moreau estão disponíveis em Compacto e Simples, que contém duas músicas de amor e traz a ideia dos compactos de vinil feitos em 45 rotações. 


A relação de Marcelo Segreto e Celeste Moreau surgiu durante a pandemia de Covid-19. Em um tempo incerto e cruel, os músicos refletiram sobre o vínculo entre as pessoas, já que o comportamento foi alterado devido ao isolamento social. A tela do computador e do celular foram os modelos encontrados para diminuir a saudade. No entanto, para alguns, o amor acabou, enquanto, para outros, se intensificou. 


"Janela"é uma música da quarentena, já que ela nasceu a partir de um áudio que Celeste mandou para Marcelo com um trechinho de letra, que ele transformou numa canção, na qual ela incluiu alguns versos. Já "No Ar" retrata os encontros e desencontros de uma relação amorosa, isto é, entre um casal ou de pais e filhos. 


Em e-mail, os músicos falam sobre o processo de criação, pandemia, amizade e muito mais.


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A parceria surgiu durante a pandemia. Como foi o processo de criação à distância? 

Marcelo: Nossa, por um lado foi um processo difícil, pois a gente não podia se encontrar de um jeito despreocupado. Quando nos encontramos, fomos de máscara, aquela coisa… Mas por outro lado, na parte da composição, é bastante comum criar canções com parceiros à distância, pelo WhatsApp, trocando letras e melodias, refazendo, enviando áudios, enfim… Achei legal que mesmo durante a pandemia, a gente conseguiu compor juntos. 

Celeste: Eu gosto de trabalhar à distância, nos dá tempo pra pensar e responder quando vem uma boa ideia, um insight. Não tem o calor do momento, mas tem uma espécie de solidão compartilhada, que eu acho propícia para a criatividade. Já a pandemia foi uma coisa que eu sinto que me atrapalhou um pouco, eu fiquei menos motivada. 


Vocês são uma dupla de canções que falam sobre relações. Como surgiu o tema? Aliás, para vocês, a ideia de relacionamento - amorosa ou não - foi alterada após pandemia? 

Marcelo: O tema das canções surgiu por acaso, não pensamos previamente em compor sobre um tema específico… Creio que a coisa foi fluindo naturalmente… Acho sim que os relacionamentos foram transformados pela pandemia, não só os relacionamentos de amor e amizade, mas também as relações de trabalho… Mas acho que ainda precisamos de mais tempo pra avaliar o que aconteceu.

Celeste: Eu lembro que "Janela" começou justamente comigo tentando descrever  essa falta de motivação da pandemia, um cansaço com as redes, o digital, eu mandei pro Marcelo só esses primeiros versos e uma frase assim "de onde eu arranco essa voz" me referindo à uma falta de força pra cantar na verdade, tanto em termos de ideias de o quê cantar, como da motivação pra continuar cantando mesmo, depois do primeiro disco. Daí foi engraçado porque ele interpretou como um apelo de vontade de arrancar a voz de dentro do celular, o que virou meio que uma imagem perfeita da frustração que eu de fato estava. Muito depois, esse ano, eu quis incluir a ideia original, e você pode notar que a letra tem as duas, elas se complementam. Enfim, as ideias fluem com a vida. 


Compacto e Simples traz o conceito do vinil. A ideia veio durante ou depois do processo?

Marcelo: A ideia veio depois do processo. A gente tinha essas duas canções e a gente achava que elas combinavam para formar uma duplinha :) Aí a relação com aquele antigo compacto simples (vinil de 2 faixas) foi uma ideia que chegou naturalmente. E as canções têm uma simplicidade, uma delicadeza. O título do disco veio também por conta disso.

Celeste: Sim, é um título que se refere a essas duas coisas. Fizemos as músicas com calma, mas esse processo de lançamento foi bem "compacto e simples" e a gravação das vozes também, conseguimos fazer em um dia e ficamos felizes com o resultado. Foi espontâneo. 


Em Compacto e Simples vemos muitas características de vocês, como a sonoridade até a interpretação. Como foi misturar a essência e ter a liberdade para misturá-las? 

Marcelo: Pra mim foi muito especial essa nossa parceria, acho que nossas essências combinam :) Ao mesmo tempo, acho que compor e gravar em parceria resultou em canções diferentes para os dois.

Celeste: É… acho que somos bem transparentes no modo que cantamos, cada um do seu jeito, mas acho que tem uma coisa de se manter fiel à essa essência que você fala. Isso nos torna parecidos e distintos [risos]. Uma das coisas que conversamos quando nos conhecemos foi que ambos tiveram um período que o corpo, cada um a seu modo, "pedia" pra não cantar, um bloqueio. Acho que as nossas vozes tem um certo alívio também, uma sensação boa que quem ouve sente. Não sei se o Marcelo concorda [risos].


"Janela" é uma música que retrata muito bem as dificuldades de relações durante o isolamento. Hoje, pós-pandemia, vocês acham que as pessoas preferem uma relação pela tela do que presencial?

Marcelo: Espero que não :). Para as relações amorosas, não sei dizer, mas senti que a pandemia explicitou um problema comum a muitas pessoas: o dia-a-dia é sempre muito cansativo e creio que muita gente encontrou um alívio de poder se ausentar de tantos compromissos presenciais, sobretudo numa cidade como São Paulo, na qual perdemos muito tempo no transporte público…

Celeste: Humm, acho que não preferem, porém… O WhatsApp virou um vício quase generalizado e intergeracional, o instagram também. Acho que estamos mais viciados e acomodados, mas não diria que preferimos isso. As redes sociais viraram um problema pra mim, porque as portas da sua rotina ficam abertas, escancaradas. Numa ligação, por exemplo, você pode não atender. No WhatsApp você já recebe a mensagem e lê quase automaticamente. Estou começando a pensar que a solução é mudar um pouco a minha perspectiva de que não responder é mal educado, porque não há outro jeito de gastar menos tempo, se não temos como "fechar a porta", o WhatsApp virou como uma timeline que não tem fim, e demanda muito, então talvez nós todos temos que começar a normalizar não responder às vezes. Mas já estou divagando…


Podemos esperar novas músicas entre vocês para o futuro?

Marcelo: Espero que sim :) 

Celeste: Também espero.



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